O governo do Japão planeja dobrar o imposto sobre vendas, de 5%, nos próximos cinco anos, de acordo com uma prévia do plano de reformas que pretendem controlar o crescimento da dívida do país. Mas as perspectivas para as reformas ficaram obscuras depois que o primeiro-ministro, Naoto Kan, sinalizou que pode renunciar assim que for feito progresso na reconstrução das áreas atingidas pelo terremoto de março.
"Como primeiro passo na direção de garantir que fontes estáveis de receita sejam compatíveis com o nível de pagamentos da seguridade social, nós vamos primeiramente elevar o imposto de consumo para 10% gradualmente" até o ano fiscal de 2015, que termina em março de 2016. No entanto, a prévia do plano de reforma não contém informações sobre o que será feito depois de março de 2016, o que torna difícil dizer se o governo poderá equilibrar o principal orçamento da nação até março de 2021, como prometido.
Kan pretende solucionar as persistentes deficiências fiscais e as crescentes despesas com seguridade social. Esses são os dois principais problemas por trás dos anos de empréstimos que levaram a dívida pública a crescer para duas vezes mais que a produção econômica anual do país.
Dobrar o imposto de consumo possibilitaria uma redução à metade no déficit orçamentário dos governos nacional e regionais até o ano fiscal de 2015, de acordo com a prévia do plano. Esse é o principal objetivo de um plano de reforma separado anunciado no ano passado, que pretende eliminar o déficit combinado do país até o ano fiscal de 2020.
No campo das despesas, múltiplas mudanças no sistema de seguridade social vão custar ao governo mais 2,7 trilhões de ienes por ano, segundo a prévia do plano. Isso ocorrerá apesar das expectativas de uma agressiva redução dos gastos, que alguns economistas dizem ser tão importante quanto os aumentos nos impostos para implementar uma reforma fiscal.
Medidas para reduzir as despesas da seguridade social, como aumentar a idade para aposentadoria, cortaria os gastos em 1,2 trilhão de ienes no ano fiscal de 2015, segundo o documento. Mas isso seria mais do que contrabalançado pelo custo de medidas para melhorar os programas, como deixar que trabalhadores de período parcial tenham os mesmos serviços que trabalhadores de período integral. Essas medidas exigiriam 3,8 trilhões de ienes em novos recursos. As informações são da Dow Jones.