Genebra - O Japão vive seu pior momento desde o fim da 2.ª Guerra Mundial e teve o crescimento cortado pela metade, diante da crise natural e nuclear que enfrenta. Os dados são da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que ontem rebaixou a perspectiva de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) da terceira maior economia do mundo e advertiu que o Japão já é a nação mais endividada do planeta, com um buraco equivalente a 200% do PIB a soma de todas as riquezas produzidas no país é de aproximadamente US$ 5,1 trilhões.
Cidades inteiras terão de ser reconstruídas, depois do terremoto e do tsunami. A falta de eletricidade ainda afeta o setor industrial e as exportações sofrem uma queda importante. Para completar, a redução da renda no setor do turismo é a pior em 50 anos e milhares de estrangeiros deixaram o país.
A constatação da OCDE é de que mais de 2% do PIB japonês será gasto para reconstruir o país. Em 2011, a economia deverá crescer apenas 0,8% e não mais 1,7%, como previsto há poucos meses.
As exportações em março despencaram e o superávit comercial foi reduzido em 79%. Empresas suspenderam suas produções e o setor automotivo acabou obrigado a conceder férias coletivas diante da queda de 27% nas vendas.
Se não bastassem os problemas internos, mais de 30 países adotaram medidas de restrição contra os produtos japoneses, temendo problemas de contaminação nuclear. Consumidores de sushi em todo o mundo abandonaram os fornecedores japoneses recentemente.
Segundo a OCDE, o impacto na produção poderá ser compensado com a necessidade de reconstrução do país e os investimentos que terão de ser feito para recolocar o Japão em pé. O problema é que outra crise estaria se desenvolvendo: a da dívida. Hoje, o Japão já tem uma dívida pública "sem precedentes" de mais de 200% do PIB, taxa que poderá se agravar diante das necessidade de reconstrução.
Aumento de impostos
Para a OCDE, uma solução seria apelar por uma maior "solidariedade do povo japonês". Em outras palavras, aumentar impostos. O governo já anunciou o reajuste das taxas de valor agregado de 5% para 8%. A avaliação da entidade é de que o Japão vai superar a crise. Em 1995, o terremoto de Kobe custou US$ 110 bilhões. E apenas em um ano o país se recuperou.
Desta vez, o problema é o abastecimento de energia, profundamente afetado. Várias medidas já começam a ser estabelecidas para enfrentar o verão, além de um racionamento de energia, no país conhecido por seus letreiros e pela dimensão eletrônica da sociedade.