O Jornal do Brasil deixará de circular em versão de papel no dia 1.º de setembro, encerrando um ciclo de 119 anos de história. Em comunicado divulgado na quarta-feira, a administração informou que, a partir desta data, o veículo passa a ter apenas uma versão on-line. O JB, como é chamado, foi considerado um dos veículos mais influentes do país entre o período da ditadura militar e o início da redemocratização, tido como uma referência da imprensa brasileira. O veículo, no entanto, não resistiu aos problemas financeiros, que começaram ainda na década de 80, e à queda na tiragem.A controladora do JB, Docas Investimento, do empresário Nelson Tanure, no entanto, diz que não desistiu de passar adiante a marca arrendada da família Nascimento Brito. Segundo o diretor de operação do grupo, Eduardo Jácome, o grupo estuda a possibilidade de ficar apenas com a versão on-line e transferir o direito sobre a edição impressa a possíveis interessados. O jornal econômico Gazeta Mercantil, também controlado por Tanure, deixou de circular em maio do ano passado por dificuldades semelhantes. Depois de uma participação na editora Peixes, responsável por revistas como Próxima Viagem e Gula, Tanure ainda se desfaz dos últimos títulos. Em 2002, o empresário comprou o direito de publicação da revista Forbes no Brasil, contrato rompido no ano seguinte.
Repercussão
A anúncio causou comoção entre internautas, que fizeram apelos até ao empresário Eike Batista, sugerindo que ele comprasse o JB. Ele, porém, descartou a possibilidade por meio de sua página na rede social Twitter. Segundo Jácomo, no entanto, a Docas Investimentos foi procurada por um investidor interessado em ficar com o Jornal do Brasil. "O que pudermos fazer para facilitar a transferência, nós vamos fazer. Pode-se criar um modelo em que a rádio fique com um, o jornal com outro e o on-line com um terceiro", acrescentou.
Apesar da possibilidade de negociação da marca, Jácome informou que o JB deve começar nas próximas semanas o planejamento da edição on-line. "Não será apenas a manutenção do site que já temos. Um dos planos em estudo é a implantação de uma Web TV", disse o diretor. Ele informou, ainda, que deve haver ajustes no quadro de funcionários da redação e do comercial.
Críticas
Em reportagem publicada no portal Comunique-se, os presidentes da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) criticaram a atuação do empresário Nelson Tanure. Na matéria, o presidente da Fenaj, Sérgio Murillo de Andrade, diz que o fim da versão impressa do JB mostra que Tanure "é um predador dos veículos de comunicação". "Tristeza pelo significado e importância que o Jornal do Brasil tem para a imprensa brasileira e indignação pela postura do Nelson Tanure, de desempregar jornalistas e arrochar salários. Está confirmado que ele é um predador dos veículos de comunicação", afirmou Andrade.
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