O Japan Bank for International Cooperation (JBIC) poderá ser o grande financiador do projeto conjunto da Petrobras, Mitsui e outras empresas brasileiras e japonesas de produzir etanol em larga escala no Brasil e exportar para o Japão.

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Em cerimônia nesta segunda-feira, representantes do JBIC se comprometeram a estudar projetos para plantio de cana-de-açúcar, construção de usinas e logística para transporte de álcool, a fim de viabilizar a produção de 3,5 bilhões de litros do combustível a partir de 2011. Desse total, 90 por cento serão destinados ao mercado japonês.

Já parceiro em projetos da estatal brasileira nas áreas de produção, exploração, refino e gasodutos, o banco japonês não divulgou os valores possíveis de financiamento, mas, de acordo com o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o custo para atingir a meta de produção gira em torno dos 8 bilhões de dólares, incluindo todas as etapas.

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A estatal estuda com a Mitsui 40 projetos de novas usinas, onde teria participação minoritária, com previsão de início de produção entre dois e três anos.

``O JBIC vai aprofudar a análise de oportunidades para empresas japonesas investirem no Brasil com prioridade no etanol. Podem entrar na plantação, na construção das plantas, na logística'', informou Costa, negando que existam conversas sobre construção de navios para exportar o biocombustível.

``Não houve discussão sobre isso (novos navios), nossas exportações têm sido feitas com nossa frota'', afirmou. Para este ano, a Petrobras prevê exportar 850 milhões de litros de álcool, para Venezuela, Nigéria e outros países ainda em negociação.

O JBIC já financiou 6,5 bilhões de dólares em projetos da Petrobras desde o final da década de 1990. A estatal ainda deve entre 3 a 4 bilhões de dólares ao banco, informou o diretor Financeiro Almir Barbassa.

Bush

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Também presente ao evento, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse que a empresa tem interesse também em exportar etanol para o mercado norte-americano -''cujo mercado de gasolina é 21 vezes o do Brasil''-, mas que as tarifas tornam o produto importado pouco competitivo.

``É evidente que se nós tivéssemos condições de participar de um processo de venda para os Estados Unidos nós iríamos participar, e queremos participar, mas existem limitações'', afirmou às vésperas da chegada do presidente daquele país, George W. Bush, ao Brasil.

Ele não sabe se terá a oportunidade de se encontrar com Bush, mas defende a negociação do fim da tarifa. Ele destacou que os Estados Unidos estão buscando áreas fora do país para produção do etanol, preocupados com o abastecimento do mercado norte-americano, e isso pode levar a negociações.

``A cana-de-açúcar só dá em áreas tropicais, isso vai significar portanto que algumas barreiras alfandegárias serão discutidas no âmbito da rodada de Doha, vai se tornar importante tratar disso para viabilizar essa questão internacional'', avaliou.

Ele considerou positiva a busca de novos mercados para produção de etanol pelos Estados Unidos, maior produtor do combustível ao lado do Brasil, afirmando que isso poderá fortalecer o mercado.

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``Acho positivo, para construção de uma commodity mundial de etanol, para que deixe de ser um produto farmacêutico e alimentício precisa de diversificação de fonte, de produtores mundiais'', explicou.

Gabrielli afirmou que a Petrobras será uma grande player no novo mercado que está se abrindo mas não vê nesse papel uma posição também de reguladora de estoque do produto, hipótese que vem sendo veiculada em alguns veículos da imprensa.

``Regular é com agência...regular álcool como combustível implica em uma série de outras questões que ainda não tem na legislação brasileira, esse é um dos problemas, tem que ver a qualidade, as especificações, são questões reguladoras'', disse Gabrielli, que também não confirmou a criação de uma subsidiária na empresa para cuidar do setor de álcool.

``É um ponto em discussão (a subsidiária) entre outros vários modelos que estão sendo estudados'', finalizou.

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