O grupo JBS, maior processador global de carne bovina, informou que estuda reduzir a produção de carne na Argentina ou vender algumas unidades de produção naquele país, em decorrência do cenário de escassez da disponibilidade de gado e restrição das exportações.
Em documento enviado ao mercado na noite de domingo, o JBS acrescenta, sem dar mais detalhes, que "irá manter o mercado informado sobre qualquer fato relevante".
"(...) A possível venda de algumas unidades de produção (pode ocorrer) desde que o valor negociado reflita o preço real do ativo", afirmou a nota do JBS.
No sábado, uma fonte na Argentina havia afirmado à Reuters que o JBS poderia vender três frigoríficos que possui naquele país.
As instalações que poderiam ser vendidas, situadas em Pontevedra, Berazategui e San José estão trabalhando de forma parcial, diante da redução dos rebanhos bovinos, que provocou uma alta no preço do produto e fez o governo limitar as exportações.
Segundo a fonte, que preferiu não se identificar, a informação teria sido dada pelo secretário de Comércio Interior argentino, Guillermo Moreno, durante uma reunião que teve na sexta-feira com diretores dos principais frigoríficos do país.
Na Argentina, a JBS ocupa o primeiro lugar nas exportações de carne bovina, mas as vendas totais são menores em relação ao total exportado pelo JBS Mercosul, que inclui o Brasil, o maior exportador global. A companhia também é líder no mercado doméstico argentino de carne em conserva.
Foi justamente na Argentina que o JBS deu seu primeiro passo internacional, ao comprar a Swift Argentina, em 2005, dois anos antes de entrar na Bolsa de Valores de São Paulo.
Os produtores rurais argentinos acusam as intervenções oficiais no mercado da carne pela queda do rebanho. As prolongadas secas que o país viveu nos últimos anos também foram muito prejudiciais ao setor.
Em relatório ao mercado divulgado durante a apresentação dos resultados do segundo trimestre, o JBS já havia afirmado que "a intervenção do governo na Argentina continua a liminar a nossa capacidade de reverter os resultados das operações locais".
Para o frigorífico, "a oferta restrita de animais nos leva a concentrar esforços nos produtos de maior valor agregado e com marcas fortes que ajudam a compensar as perdas geradas pelas restrições oficiais impostas nas exportações (embora ainda não tenhamos alcançado esse objetivo no segundo trimestre de 2010).