A J&F Participações, nova controladora da Delta Construções, pediu ontem mais prazo para defender a empreiteira em processo que pode declará-la inidônea e proibi-la de firmar contratos com o governo federal. O recurso foi apresentado à Controladoria Geral da União (CGU), que instituiu comissão para apurar o envolvimento da empresa com tráfico de influência na administração pública e fraudes no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Também ontem, o procurador da República Edson Abdon, que preside o inquérito civil público sobre o negócio, decretou o sigilo das investigações.
Inicialmente, a CGU concedeu à Delta 10 dias corridos para se pronunciar, a partir da notificação feita em 7 de maio. Na semana passada, a construtora solicitou mais 15 dias de prorrogação. O órgão autorizou apenas cinco, que se encerram hoje. No novo pedido, a J&F alega que precisará de mais tempo, pois acaba de assumir a empreiteira. E reclama igualdade no tratamento, argumentando que, de forma geral, empresas que apresentam recursos obtêm de 30 a 90 dias.
Um dos efeitos da extensão de prazo pretendida pela nova controladora da Delta seria descolar a apuração da CGU da agenda CPI do Cachoeira, em curso no Congresso Nacional, sob intensa cobertura da imprensa. O temor é que o noticiário influencie o processo. A aplicação de uma eventual sanção à empresa é tarefa do ministro-chefe da controladoria, Jorge Hage, com base em relatório da comissão instituída para tocar a investigação. Por lei, não há prazo para a conclusão dos trabalhos, mas Hage cobrou celeridade e quer uma definição no fim de junho.
A CGU abriu o processo em 24 de abril, a partir da divulgação de denúncias de participação da Delta no esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, apurados na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Um ex-diretor da empresa, Cláudio Abreu, está preso por suspeita de participar de esquema de corrupção no Distrito Federal; outro, Heraldo Puccini, está foragido.
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