Game lançado em 2017, Fortnite faturou US$ 2,5 bilhões em 2018 e foi usado como exemplo de experiência do usuário pela Netflix em carta aos investidores.| Foto: Reprodução/

Foi divulgado na última quinta-feira (17) o balanço trimestral da Netflix, que trouxe um número recorde de novos assinantes. Mas o que chamou a atenção desta vez não foram números, e sim uma mudança de atitude: o foco concorrencial da gigante do streaming deixou de ser apenas as outras empresas que oferecem o mesmo serviço. O medo agora é outro: Fortnite.

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Com faturamento de US$ 2,5 bilhões no ano passado, o game foi lançado em julho de 2017. Gratuito, ele lucra com transações dentro do roteiro do jogo, incluindo compra de roupas para personagens e outros extras – e fez de seu criador, Tim Sweeney, um dos nomes que mais lucraram no ano passado.

“Nós competimos (e perdemos) mais com Fortnite do que com HBO. Nosso foco não é Disney+, Amazon ou outras, mas sim como podemos melhorar nossa experiências para nossos membros”, disse o Netflix em carta aos investidores. A partir dessa premissa, a empresa poderia começar a buscar novas formas de entreter seus clientes, para além do audiovisual tradicional.

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Trata-se de uma mudança brusca de discurso, considerando que até o ano passado a mesma carta a investidores focava totalmente em competição dentro do streaming e produção de séries e filmes originais. Aquela carta sequer mencionava qualquer outro tipo de tecnologia.

Preocupação de fachada?

Para analistas, a troca de foco provavelmente tem relação com o crescimento da empresa nos últimos três meses de 2018. O número de assinantes do serviço nos EUA aumentou em 1,53 milhão. Nos demais mercados, o crescimento foi de 7,31 milhões de inscritos entre outubro e dezembro, ante 6,1 milhões projetados pelo mercado. Isso em si pode ter feito com que a Netflix desistisse de sustentar uma narrativa de preocupação com outros serviços de streaming.

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Analistas suspeitam que a carta tenha o intuito de desviar a atenção. Para Jim Nail, da Forrester Research, parece pouco provável que os executivos da maior empresa de streaming do mundo não falem sobre a iminente chegada das plataformas da Disney e da Warner em seu mercado.

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Ao mesmo tempo, o aumento nos preços das assinaturas anunciado pouco após o lançamento de um streaming gratuito da Amazon pode diminuir a velocidade do crescimento da empresa.