Aos poucos, a vida do gamer brasileiro vai ficando mais fácil. Há alguns anos, as principais reclamações dos jogadores eram o alto preço e a pouca disponibilidade. Conseguir colocar as mãos em um lançamento consistia numa árdua tarefa que envolvia ter um cartão de crédito internacional, ser cadastrado em alguma loja estrangeira e torcer para que o jogo não se perdesse ao atravessar continentes. O preço continuava altíssimo, se incluído os impostos e o frete. Mesmo assim, era mais barato do que comprar pelas vias oficias. As agruras eram ainda maiores antes da popularização da internet. Quem perdia boas horas do dia com videogames nas décadas de 80 e 90 sabe como era incomum encontrar um amigo que tivesse mais de três cartuchos. O jeito era apelar apara o escambo ou implorar para que algum parente abrisse um espaço nas malas durante uma viagem para fora.
O descaso com o mercado brasileiro que impedia um consumo justo acabou levando a uma explosão da pirataria no Brasil. A pirataria, em consequência, afastou as grandes produtoras do mercado local. Um círculo vicioso que ainda afeta em muito a vida dos brasileiros. As chegadas oficiais da Nintendo, Microsoft e Sony ainda estão dando seus primeiros passos que apontam para um futuro promissor.
Com o avanço da banda larga, houve nos últimos cinco anos uma explosão de distribuição de conteúdo. O Youtube mostrou a todos que a internet já tinha capacidade para entregar conteúdos que necessitavam de uma boa conexão. Isso também levou o consumidor a aumentar seu contrato com as telefônicas para poder assistir aos vídeos sem gargalos. O aumento na demanda reduziu custos e acabou criando um novo mercado que já nasceu forte: as lojas on-line de distribuição de games. Com uma conexão de 1 Mbps (que deve custar R$ 35 nos próximos meses, como prevê o Plano Nacional de Banda Larga) um jogo de 10 gigabytes, considerado grande para os padrões atuais, leva poucas horas para ser baixado no computador ou no videogame. No atual cenário, o fator logística foi completamente superado. Um brasileiro poderá jogar um lançamento exatamente na mesma hora que os americanos. Mas e os preços? Essa é a melhor parte.
Venho reforçando em várias colunas a vantagem em se comprar jogos sob demanda, abolindo de vez as mídias físicas, como já foi feito com a música. A maioria dos jogos hoje é oferecida nos dois formatos. E há ainda aqueles que são exclusivos das lojas on-line, como o excelente Limbo. O exemplo de Portal 2 é emblemático. Quem fez a compra antecipada pela loja Steam pagou cerca de R$ 70.
Nas lojas brasileiras o mesmo jogo custava, na semana passada, aproximadamente R$ 180 (pesquisa realizada nos maiores lojas de varejo). Sempre lembrando que quem pagou menos pôde jogar com muitos dias de antecedência. A grande diferença de preços em parte é explicada pela incompetência de parte da classe política.
Não duvido que assim que notarem o tamanho da movimentação financeira resultante dessas transações muitas barreiras serão criados e os preços poderão se equiparar. Para cima, claro.
Quando se fala em distribuição digital normalmente a Steam rouba a atenção. Avaliada pela Forbes como uma das empresas mais valiosas do mundo, na frente até da Apple, a loja é conhecida por ser bem agressiva na política de preços.
Enquanto as concorrentes Games for Windows e a Direct2Drive ainda patinam em quantidade, a Steam, com um vasto catálogo, investe em promoções realmente interessantes, outra novidade para o mercado brasileiro. A mais recente das promoções deve durar quase todo o verão no Hemisfério Norte, período em que coincide com as férias escolares nos países ricos. O brasileiro pode aproveitar para pegar aquele jogo que estava na lista por um preço módico. O game de tiro Boderlands custava R$ 13 na Steam enquanto poderia ser encontrado por até R$ 230 no Brasil. Outro exemplo é Oblivion, disponível por R$ 10 (o mesmo preço dos piratas). É melhor parar de comparar com as lojas brasileiras.
E se espaço no disco rígido não for um impeditivo, há ainda as promoções de catálogos. Num deles, a produtora Valve oferece 24 jogos (há algumas expansões no meio) por R$ 80. Entre eles Portal 2, Team Fortress e Left for Dead 2. A vida do gamer pode estar ficando mais fácil para adquirir seus desejos de consumo. O problema vai ser achar tempo para jogar tudo isso.