Executivos de jornais, chefes de Redação, profissionais da comunicação e fornecedores da indústria jornalística estarão reunidos este mês, em São Paulo, para discutir formas sustentáveis, do ponto de vista financeiro, de fazer jornal no Brasil. "Jornalismo e Inovação. Construindo Novos Modelos de Negócios" é o tema do 9.º Congresso Brasileiro de Jornais, que será realizado nos dias 20 e 21.
O evento é realizado a cada dois anos e é o momento de discutir os grandes desafios do setor, diz Ricardo Pedreira, diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), promotora do congresso. Um dos assuntos que deve predominar no encontro, é o sistema paywall, que é uma estratégia para buscar receita. Trata-se de restringir o acesso ao conteúdo digital dos jornais, mas sem rigor.
O primeiro a implantar a cobrança foi o New York Times, em março de 2011, e desde lá jornais do mundo inteiro passaram a discutir o modelo. Isso porque a receita de publicidade na internet não é suficiente para cobrir os custos. Pedreira lembra que no início as empresas jornalísticas abriram totalmente os sites apostando que captariam publicidade suficiente para manter o negócio, o que não aconteceu. Nem aqui nem em outros países. Agora, foi necessário pensar em como fechar parte do conteúdo.
O New York Times, diz o diretor da ANJ, conquistou mais de 400 mil assinantes desde que adotou o paywall. Por aqui, muitas publicações estão se movimentando nesse sentido. O primeiro jornal a implantar o sistema foi a Folha de São Paulo, em junho deste ano. Os internautas têm acesso livre a 20 textos por mês e depois são convidados a fazer um cadastro, que permite ler mais 20. Além disso, será preciso pagar (R$ 1,90 no primeiro mês, R$ 29,90 nos seguintes).
Pesquisa recente da Ebyline, rede que reúne jornalistas freelancers e publicações, com base em dados da Audit Bureau of Circulations, mostra que dos 1.532 jornais dos Estados Unidos, 239 usam o paywall. Eles representam 15,6% das publicações, mas alcançam um terço dos leitores porque nove dos maiores jornais do país adotam o sistema.
Leitura
Ricardo Pedreira, da ANJ, afirma que as empresas brasileiras precisam discutir novos modelos de negócios, mesmo o país vivendo uma situação privilegiada em comparação com nações mais desenvolvidas. Por lá, a circulação dos impressos está caindo, mas aqui os jornais vêm experimentando um aumento da leitura.
Ele cita uma pesquisa do Datafolha do fim de 2011. Ela mostra que 73 milhões de brasileiros leem impressos em algum momento da semana e 21 milhões, diariamente. Em sites, são 50 milhões lendo notícias com regularidade e 20 milhões acessando diariamente. Ainda assim, o brasileiro lê muito pouco: aqui circulam 50 exemplares para cada mil habitantes enquanto em países com altos índices de leitura, são 800 por mil.
Serviço: Informações sobre o 9º Congresso Brasileiro de Jornais e inscrições estão disponíveis no site cbj.anj.org.br.
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