O cinegrafista da Reuters Hiro Muramoto, morto durante um protesto de rua na Tailândia em abril, pode ter sido abatido por forças de segurança tailandesas, disseram investigadores oficiais nesta terça-feira, pedindo um novo inquérito sobre sua morte.

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O comunicado é o primeiro de investigadores tailandeses a reconhecer que o jornalista, de 43 anos, pode ter sido morto por uma bala disparada por forças de segurança.

"Como houve possível envolvimento de agentes governamentais, precisamos recomeçar do zero e deixar a polícia investigar a fundo", disse em coletiva de imprensa Tharit Pengdith, diretor geral do Departamento de Investigações Especiais (DSI).

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Muramoto, que era japonês, vivia em Tóquio e trabalhava para a Thomson Reuters, foi morto por um ferimento de bala de alta velocidade no peito, quando cobria os choques em Bangcoc entre tropas e manifestantes antigoverno, em 10 de abril.

"Espero que a investigação possa ser concluída prontamente, para que todos os que se importam profundamente com a morte de Hiro Muramoto possam ter clareza quanto ao que exatamente aconteceu", disse em comunicado o editor-chefe da Reuters, David Schlesinger.

"Seus familiares e colegas precisam saber quem esteve envolvido e quais foram as circunstâncias que levaram a essa tragédia."

Vinte e cinco pessoas, em sua maioria manifestantes, foram mortas em 10 de abril, e centenas ficaram feridas. Imagens da televisão mostraram tropas abrindo fogo contra manifestantes, enquanto soldados eram atacados com granadas e homens armados e trajados de preto se movimentavam entre os manifestantes.

O DSI disse que Muramoto é um entre seis pessoas cujas mortes serão investigadas mais a fundo porque não ficou claro se ele foi morto por forças de segurança, manifestantes ou "militantes armados", não identificados.

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A despeito das pressões diplomáticas intensas exercidas pelo Japão, o DSI ainda não divulgou as conclusões de seu inquérito sobre Muramoto e outros mortos em 10 de abril. Anteriormente o departamento alegou que faltavam relatos conclusivos de testemunhas oculares.

Um jornal tailandês divulgou em julho que quatro testemunhas teriam dito à polícia que Muramoto foi morto por tiros disparados por soldados, mas o DSI negou a informação, dizendo não dispor de testemunhas confiáveis do incidente.

O Comitê para Proteção dos Jornalistas, sediado em Nova York, disse em julho que o governo tailandês não investigou adequadamente as mortes de Muramoto e do fotógrafo freelancer italiano Fabio Polenghi, morto a tiros em 19 de maio quando tropas avançaram contra manifestantes no distrito comercial de Bangcoc.

Um alto funcionário policial que pediu para não ser identificado disse à Reuters nesta terça-feira que Muramoto provavelmente foi pego no fogo cruzado e que há "grandes chances" de ele ter sido abatido por forças de segurança.