Pela primeira vez na história da mídia francesa, os principais jornais econômicos da França, La Tribune e Les Echos, não vão circular na segunda-feira.
Os jornalistas do Les Echos protestam contra a possível venda para Bernard Arnault, dono do grupo LVMH, especializado em artigos de luxo, enquanto seus colegas do La Tribune pararam pela possibilidade de que Arnault venda a publicação.
O LVMH poderá confirmar nesta semana que colocou o La Tribune à venda depois de uma reportagem no Les Echos nesta sexta-feira (22) ter afirmado que o grupo contratou o banco Lazard para procurar compradores.
Na terça-feira, o conselho do La Tribune realiza uma reunião extraordinária em que o LVMH será pressionado a falar do futuro do jornal.
"Até lá, temos o direito de saber se estamos sendo vendidos ou não", disse no domingo o jornalista Jean-Baptiste Jacquin, porta-voz da redação.
O La Tribune tem 200 empregados, circulação diária de 77 mil exemplares e sofreu prejuízo de 18 milhões de euros (US$ 24,22 milhões) no ano passado. Os jornalistas temem que a venda leve a demissões e a um abalo no conteúdo e na credibilidade do diário. O LVMH não quis comentar a possível venda.
Já o rival Les Echos, com 500 funcionários, é um dos poucos jornais rentáveis da França, com circulação de 119 mil exemplares, faturamento de 126 milhões de euros em 2006 e lucro de 10 milhões de euros.
Os jornalistas do Les Echos contrataram advogados para analisar suas opções. Eles realizam assembléia na segunda-feira e retomam a publicação na terça-feira.
A greve do Les Echos contra a venda para o LVMH começou na terça-feira. Os jornalistas acham que ser parte de um grupo voltado para o luxo ameaça a independência do jornal, já que o grupo é um alvo frequente de reportagens. O LVMH promete manter a liberdade editorial.
O Les Echos disse que Arnault ofereceu à empresa Pearson, atual proprietária, um cheque de 250 milhões de euros - entre 80 e 100 milhões a mais do que alguns analistas estimavam.
"Duvido muito que os empregados do Les Echos encontrem um cavaleiro branco (outro comprador) por esse preço", disse um ex-gerente-sênior da Pearson no domingo, sob anonimato.
A Pearson aceitou dar a Arnault um prazo até novembro - um período excepcionalmente longo para manter a exclusividade nesse tipo de negociação.
Essas transações na imprensa francesa são parte de uma grande onda de aquisições e fusões no setor.
A Pearson e a General Electric decidiram na semana passada contra uma oferta conjunta pela editora Dow Jones, o que abriu caminho para uma oferta de US$ 5 bilhões da News Corp., de Rupert Murdoch.
Enquanto isso, o grupo canadense Thompson Corp. fechou no mês passado a compra da Reuters por cerca de 8,7 bilhões de libras, mas o acordo ainda está sujeito à aprovação dos acionistas e das autoridades.
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