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O presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, renunciou ao cargo na manhã desta segunda-feira (20). A informação foi confirmada pela estatal em nota. Com a renúncia de Coelho, o presidente Jair Bolsonaro (PL) poderá trocar de fato o comando da empresa. Ele esteve no comando da empresa por pouco mais de dois meses. O presidente interino será o atual diretor executivo de Exploração e Produção da estatal, Fernando Borges.
"A Petrobras informa que o senhor José Mauro Coelho pediu demissão do cargo de presidente da empresa na manhã de hoje. A nomeação de um presidente interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras a partir de agora. Fatos considerados relevantes serão prontamente comunicados ao mercado", diz a nota enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Após a renúncia do presidente da estatal, as ações ordinárias (PETR3) e preferenciais (PETR4) da Petrobras tiveram suas negociações suspensas na abertura do pregão desta segunda.
A decisão de Coelho ocorre após o aumento da pressão sobre a diretoria da empresa, que anunciou na semana passada um reajuste no preço dos combustíveis. Desde sábado (18), o preço médio da gasolina nas distribuidoras aumentou 5,18%; e deve passar de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro – aumento de R$ 0,20. Já o preço médio do diesel nas distribuidoras subiu 14,26%, passando de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro – aumento de R$ 0,70.
O anúncio irritou o chefe do Executivo e provocou reações do Congresso. Na sexta (17), Bolsonaro defendeu a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a direção da Petrobras, indicada pelo próprio governo federal.
Já o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pediu a renúncia do atual presidente da Petrobras. Em artigo escrito ao jornal Folha de S. Paulo, Lira também chamou a estatal de "criança mimada" e o agora ex-presidente de "ilegítimo".
José Mauro Coelho foi indicado ao cargo pelo governo no dia 23 de abril. Ex-oficial do Exército, ele tem mais de 25 anos de experiência profissional, com atuação nos setores de petróleo, gás natural e biocombustíveis. Foi secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia até outubro do ano passado. Exerceu ainda diversos cargos de gestão e assessoria técnica na Empresa de Pesquisa Energética (EPE) entre 2007 e 2020.
Antes de assumir a Petrobras, ele respondia pela presidência do Conselho de Administração da PPSA, a Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural S/A, desde maio de 2020. A PPSA é a estatal responsável pela gestão de contratos de partilha de produção e de comercialização de petróleo e gás natural da União.
Governo aguarda análise de novo indicado para o cargo
No final de maio, o governo anunciou que trocaria o comando da estatal e indicou Caio Mário Paes de Andrade, secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, para o cargo. Homem de confiança do ministro da Economia, Paulo Guedes, ele já havia sido cotado para assumir a Petrobras por ocasião da demissão do general Joaquim Silva e Luna.
A indicação precisa ser analisada pelo conselho da companhia. No entanto, parte da documentação para análise do nome de Andrade ainda não teria sido entregue, informou o Estadão. A etapa de avaliação documental é preliminar e feita pelas áreas de recursos humanos e conformidade da Petrobras. Somente após a análise da documentação, os currículos de Andrade e de outros sete indicados pelo governo para a sucessão no Conselho de Administração deve ser encaminhado ao Comitê de Pessoas.