Quase 60% dos passageiros da Uber nunca dão gorjeta, 1% contribui sempre, e a gorjeta média é de U$ 3. É o que aponta um novo estudo sobre as recompensas deixadas aos motoristas por meio do aplicativo, realizado nos Estados Unidos com base em dados de 2017.
A análise foi realizada por quatro pesquisadores do National Bureau of Economic Research e levantou informações sobre mais de 40 milhões de corridas ao longo de quatro semanas, em agosto e setembro de 2017, logo após a Uber introduzir a possibilidade de deixar gorjeta pelo app.
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9 fatos sobre as gorjetas no Uber
1) Os homens dão gorjeta com mais frequência para os motoristas da Uber: 17% contra 14,3% das mulheres. Os valores doados também são maiores. Outra pesquisa porém mostra que as diferenças de gênero dependem do contexto. Uma das explicações mais plausíveis é que, dadas as reclamações de assédio, as mulheres dão menos gorjetas por terem experiências piores nos carros.
“Nós não sabemos o que acontece de fato no carro. Não observamos a conversação entre o motorista e o passageiro”, diz Bharat Chandar, da Universidade de Stanford, um dos autores do estudo.
2) Os homens são 12% mais propensos a dar gorjeta se a motorista é mulher, sobretudo se jovem. O valor encolhe conforme aumenta a idade da mulher – acima dos 65 anos, não há diferença entre os gêneros. Mulheres também dão mais gorjetas para mulheres, mas não mudam os valores com base na idade da motorista.
3) Motoristas que usam o app em uma língua diferente do inglês (a pesquisa foi feita nos EUA), por exemplo porque são imigrantes, ganham 30% a menos de gorjetas. Isso vale também para os passageiros que configuraram o aplicativo em outra língua: eles deixam gorjetas menores.
4) Motoristas que moram em bairros de renda mais baixa ou com ampla população hispânica também recebem menos. Os pesquisadores não conseguiram estabelecer uma conexão direta com a etnia, mas identificaram algumas características com base nos endereços de residência. Passageiros de renda mais alta e de bairros brancos dão gorjetas maiores.
Um estudo de 2005 da Universidade de Yale analisou mais de mil gorjetas e descobriu que taxistas negros recebiam um terço a menos de gorjetas que os brancos; passageiros negros e hispânicos deixavam a metade que os brancos.
Uma análise sociológica feita em 2014 na Wayne State University fez um levantamento com quase 400 clientes de restaurantes e descobriu que tanto clientes negros quanto brancos davam menos gorjetas aos garçons negros e que a diferença não dependia da qualidade do serviço.
Uber informou que a empresa está comprometida em detectar e mitigar vieses no aplicativo. Quase U$ 2 bilhões em gorjetas já foram doados pelos aplicativos Uber e Uber Eats desde que a ferramenta foi implementada.
5) Passageiros deixam gorjetas mais gordas se o motorista é pontual. Doam menos se o motorista acelera rápido demais, freia de improviso ou supera os limites de velocidade. A gorjeta é menor quando o carro é mais velho.
6) Se você encontra o mesmo motorista mais de uma vez, a gorjeta será 27% maior na segunda vez. E subirá mais ainda na terceira vez. Os pesquisadores concluem que o valor adicional é motivado por sentimento de culpa ou conexão social.
7) Passageiros avaliados com cinco estrelas dão gorjeta o dobro das vezes que usuários com 4,75 pontos. E doam 14% a mais. Os usuários não podem deixar gorjeta antes de terem sido avaliados pelo motorista e os motoristas não podem ver o histórico de gorjetas dos passageiros nem antes nem durante a corrida. Motoristas com cinco estrelas recebem 50% mais gorjetas que os colegas com 4,75 pontos e os valores são 5% mais altos.
8) Gorjetas são maiores nas pequenas cidades e no interior.
9) Gorjetas são maiores de madrugada, entre 3 e 5 horas. Nesse horário há bastantes corridas para aeroportos e outros destinos relacionados a negócios e é razoável pensar que esse tipo de passageiro seja mais generoso. Gorjetas aumentam também nas noites de sexta-feira e sábado.