Apesar do aumento das oportunidades de emprego no país, a participação dos jovens entre 15 e 24 anos no mercado de trabalho caiu quase 6% nos últimos três anos, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/IBGE).
INFOGRÁFICO: Participação dos jovens entre 15 e 24 anos no grupo de trabalhadores caiu quase 6%
Essa seria uma boa notícia se os jovens estivessem trocando o emprego pelas salas de aula, mas, na prática, não é isso que vem ocorrendo. Segundo o levantamento, o porcentual de homens e mulheres entre 15 e 24 anos que estão fora da População Economicamente Ativa (PEA) e fora da escola é bastante expressivo, principalmente entre as mulheres. Enquanto os homens nesta situação somavam 25,7% em 2012, as mulheres eram 40,6%. "Esse contingente sempre existiu, mas vem aumentando nos últimos anos", afirma Gabriel Ulyssea, coordenador de pesquisas em trabalho e renda do Ipea.
Em 2012, o mercado de trabalho brasileiro apresentou um desempenho duas vezes melhor que na última década, segundo o Ipea, impulsionado principalmente pelo avanço da educação, o que justifica o sinal de alerta com os jovens fora do mercado de trabalho e da escola. O aumento da escolaridade média foi o principal fator de expansão da renda dos profissionais brasileiros nos últimos 20 anos.
Desde 2004, o rendimento médio dos trabalhadores cresceu, em média, 4,7% por ano. Só entre 2011 e 2012 a renda avançou 6,3%. "Em 2012, 90% do ganho da população economicamente ativa veio da valorização da educação no mercado de trabalho e do aumento da escolaridade, afirma Marcelo Neri, ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) e presidente do Ipea.
Balanço
O levantamento do Ipea traçou um panorama do mercado de trabalho brasileiro nos últimos 20 anos e mostrou um significativo avanço dos indicadores, com destaque para a taxa de desemprego, que atingiu o menor percentual dos últimos 20 anos 6,7%. Em paralelo, houve um arrefecimento da informalidade no país, puxado pelo bom desempenho da formalização nas regiões metropolitanas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Depois de um período de estabilidade, a indústria voltou a reduzir sua participação no emprego a partir de 2008. A redução, no entanto, veio da queda do emprego sem carteira assinada na indústria, que provocou redução da participação do setor no emprego total.