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cerveja torneiras
| Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo

Não passou muito tempo desde a época em que das torneiras dos bares saíam apenas dois tipos de chope, claro ou escuro. Se hoje os apreciadores da cerveja podem escolher entre Ipa, Apa, Weiss e dezenas de outras denominações, o mérito é da nova geração de cervejeiros que transformou hobby em profissão e revolucionou o setor.

Todos compartilham a mesma história: uma paixão para produzir cerveja artesanal na garagem de casa, o sucesso da bebida entre os amigos, o boca a boca até chegar ao mercado local. De lá alguns alçaram voo e construíram fábricas e negócios milionários.

Apesar de ser essa a trajetória comum a muitos empresários, o setor ainda não tinha traçado um perfil do cervejeiro. Nesta semana (15/10), o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) divulgou uma pesquisa que pela primeira vez faz um retrato do cervejeiro brasileiro: homem, jovem e altamente escolarizado.

O perfil é resultado do 1º Censo das Cervejarias Independentes, realizado entre abril e maio desse ano com 486 produtores. O estudo engloba empresários com fábrica própria, cervejeiros ciganos (que terceirizam a produção) e brewpub (bar próprio).

Apesar do consumo de cerveja ser comum entre as mulheres, a produção artesanal é dominada por homens: 89% dos cervejeiros são do sexo masculino.

Fazer cerveja, como regra, é coisa de jovem: metade dos fabricantes tem entre 30 e 39 anos; 12% têm de 22 a 29 anos, 24% de 40 a 49 anos e 10% têm mais de 50 anos.

O que mais surpreendeu os pesquisadores é o elevado nível educacional desses empresários: 50% tem pós-graduação ou mestrado, 35% ensino superior completo e 5% doutorado.

“É um grupo muito especializado porque investir não é barato e o pessoal se qualifica bastante para entrar no ramo”, explica Mayra Viana, analista da unidade de competitividade do Sebrae nacional.

Antes ou depois de entrar no ramo cervejeiro, mais de 80% dos entrevistados buscaram algum tipo de especialização na área. Dos que estudaram, 81% cursaram tecnologia ou produção da cerveja, 44% se especializaram nos estilos da bebida e 42% fizeram curso de sommelier.

O negócio é jovem não só pela idade dos empresários, mas também pelo ano de fundação das cervejarias: 70% delas têm menos de quatro anos; 21% foram criadas mais de cinco anos atrás e apenas 4% ultrapassam os dez anos de funcionamento.

O boom da cerveja artesanal se deu na última década na onda do movimento que nasceu nos Estados Unidos há cerca de 20 anos.

Crescimento não é bolha

Nos últimos dez anos, o número de cervejarias artesanais quadruplicou no Brasil. Em maio, bateram a marca de mil fábricas; eram 255 em 2009, segundo dados Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

“A gente acredita que o mercado tem espaço para crescer”, afirma Mayra. “O consumidor ainda está aprendendo a beber essa cerveja diferenciada e uma vez que entra é difícil voltar atrás, para uma cerveja mais tradicional”, diz.

O estado com mais cervejarias é o Rio Grande do Sul que concentra 20% das fábricas. Atrás São Paulo (18%) e Minas Gerais (13%). A região Sul concentra 40% das empresas; Sul e Sudeste juntos somam 70% das cervejarias.

Além do número de cervejarias, cresce também o faturamento. Embora mais da metade das empresas (51%) espere faturar até R$ 360 mil esse ano, algumas já têm receita milionária: 13% esperam faturar até R$ 1,8 milhão e 10% acima desse valor.

O cenário desse ano, contudo, está sendo difícil para a maioria dos empresários do setor: apenas 28% afirmam que estão tendo lucro, 50% estão “empatando” e 22% relatam prejuízo.

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