Desde que Zhang Shuxiang deixou seu vilarejo no interior da China, há oito anos, ela já trabalhou em 20 fábricas, antes de ir parar na linha de montagem de uma fábrica da Foxconn, preparando produtos para empresas de tecnologia, incluindo a Apple. Ela espera que este seja seu último emprego numa fábrica. Antes de trabalhar na Foxconn, fazendo placas-mãe para computadores, a jovem, de 26 anos, já trabalhou em fábricas de diversos setores, entre eles, cafeteiras, joias e telas de LED para a Apple. Ela sempre saiu dos empregos por causa dos baixos salários e supervisores irracionais, porém, acabava indo para outra fábrica, nas mesmas condições. "Trabalhar numa fábrica é muito cansativo", ela diz, falando sobre sua vida depois da Foxconn, de onde pretende sair até junho. "Desde o ano passado fico dizendo para mim mesma que nunca mais quero entrar numa fábrica, mas continuo fazendo a mesma coisa." Ela é um exemplo perfeito das expectativas de mudanças e oportunidades de milhões de jovens trabalhadores chineses vindos das zonas rurais e que transformaram o país numa fábrica para o mundo. Essa mudança de atitude se tornou um enorme desafio para milhares de fabricantes, como a Foxconn e sua principal cliente, a Apple, que têm se fiado no que eles antes pensaram ser um fluxo quase infinito de trabalhadores baratos e submissos. O presidente da Foxconn, Terry Gou, prometeu continuar a aumentar o salário dos trabalhadores e diminuir as jornadas de trabalho, depois de ter sido criticado pelas péssimas condições de trabalho dos funcionários que fazem os iPhones e iPads da Apple. Zhang está trabalhando agora na linha de montagem de placas-mãe, em uma fábrica no interior de um gigantesco complexo industrial nos arredores de Zhengzhou que foi visitado pelo CEO - diretor-presidente da Apple, Tim Cook, no final de março, durante sua visita à China. Antes de resolver se vai sair ou não da Foxconn, Zhang disse que vai esperar para ver que mudanças virão a partir do acordo assinado pela Foxconn com a Apple, para melhorar as condições de trabalho. Atender os desejos de Zhang e outros trabalhadores migrantes que movimentam a economia da China - oficialmente cerca de 159 milhões de trabalhadores - é crucial para o governo. Mais jovens, educados e com conhecimentos em tecnologia, especialmente em computadores, muitos desses migrantes são filhos únicos, e estão menos dispostos as duras condições de trabalho que seus pais aceitavam. Eles também estão mais cientes dos seus direitos e da cada vez maior oportunidade de emprego, incluindo de serviços, que chegaram devido ao rápido crescimento econômico e que oferecem uma saída para o implacável e tedioso trabalho nas fábricas. Nos próximos 12 anos, o número de trabalhadores na faixa de 15 a 24 anos deve ser cerca de um terço do que é hoje, dando ainda mais poder de barganha para a geração mais jovem de trabalhadores de fábrica, segundo uma projeção da Dragonomics, firma de consultoria baseada em Pequim. O salário médio da população de trabalhadores migrantes subiu 21,2 por cento em 2011, chegando a 2.049 (320 dólares), com os salários mais altos sendo os das áreas costeiras como Guangdong. Mesmo assim, isso é nem abaixo do que o salário de muitas economias ocidentais de países desenvolvidos.
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