Atualizado em 19/06/2006 às 21h21
O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, homologou definitivamente a venda da Varig Operações (operações domésticas e internacionais) para a NV Participações, consórcio formado pela associação Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) e por investidores estrangeiros. O consórcio foi o único a apresentar lance pela empresa, no leilão realizado no dia 8 de junho.
Segundo Ayoub, somente a NV pode dizer quem são esses investidores. O juiz disse que foram apresentadas as garantias necessárias e que a proposta assegura a liquidez das debêntures da Varig Operações a serem emitidas em 20 anos. A NV Participações tem agora um prazo de 72 horas para fazer um depósito de US$ 75 milhões, correspondente à primeira parcela da compra. Esse pagamento é decisivo porque na quarta-feira o juiz Robert Drain, da Corte de Nova York, vai exigir que a empresa comprove que tem como pagar as empresas de leasing. Caso contrário, ele pode derrubar uma liminar que vem impedindo essas empresas de arrestarem aeronaves da companhia por falta de pagamento.
Por meio da NV Participações,ofereceu de R$ 1,010 bilhão (ou US$ 449,48 milhões) pela empresa Desse total, R$ 285 milhões (US$ 125 milhões) pagos à vista, sendo US$75 milhões depositados até três dias após a homologação da venda e o restante em 30 dias, conforme exigência do edital. Há ainda uma parcela de R$ 225 milhões que seria paga em créditos dos trabalhadores e R$ 500 milhões em debêntures,ponto polêmico que dificultou a homologação da venda.
Durante toda a segunda-feira houve especulações sobre os possíveis investidores que entrariam junto com NV Participações. A TAP negou que garantiria o capital de giro necessário à sobrevivência da empresa.
A Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), por sua vez, negou que cancelará vôos por falta de pagamento de taxas aeroportuárias. A Infraero disse que a companhia continua autorizada a fazer pousos e decolagens, mas informou que cobrará as taxas diretamente dos passageiros a partir do mês que vem (saiba mais). Na sexta-feira, fontes da Infraero disseram que poderiam começar a cancelar vôos a partir desta segunda-feira.
A BR Distribuidora ainda não se manifestou sobre o acordo de fornecimento de combustível, que venceria nesta segunda-feira (entenda).
Com a crise enfrentada pela empresa,a procura pela Varig cai cada vez mais nos aeroportos, fazendo com que a empresa corra o risco de ficar sem caixa. Os passageiros estão apreensivos e só pela manhã houve 13 vôos cancelados, num total de mais de 150 desde o dia 10 (o movimento nos aeroportos do Rio).
Na sexta-feira, o suporte de fixação das rodas de uma aeronave modelo MD-11 quebrou no solo, provocando um acidente sem vítimas no aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, prejudicando ainda mais a imagem da empresa. (Conheça seus direitos no caso de cancelamento de vôos).
A Agência de Aviação Civil (Anac) havia alertado sobre a falta de segurança em algumas das aeronaves da Varig - que seria o motivo para a suspensão de alguns dos vôos. Mas a Agência classificou o problema de sexta-feira como um "incidente" e disse que a Varig cumpriu as exigências de segurança. O presidente da agência, Milton Zuanazzi, garantiu que os aparelhos da Varig autorizados a voar estão em boas condições de vôo.
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