A união entre Sadia e Perdigão, anunciada nesta terça-feira (19) pelas duas empresas, dá origem à maior processadora de carne de frango do mundo em faturamento. A nova empresa, denominada Brasil Foods, nasce com uma receita líquida anual aproximada de US$ 9,5 bilhões (considerando os dados reportados em 2008), acima do faturamento da líder mundial no segmento de aves, a norte-americana Pilgrim's Pride, que obteve faturamento de US$ 8,3 bilhões no ano passado.
A nova companhia também consolida a posição como a quinta maior exportadora do País, ameaçando a posição da quarta colocada, a multinacional Bunge. No varejo brasileiro, a gigante nasce líder absoluta no segmento de congelados, industrializados de carne e margarinas.
De acordo com dados da consultoria Nielsen apresentados pelas companhias em suas demonstrações financeiras referentes a 2008, Sadia e Perdigão, juntas, respondem por aproximadamente 80% do mercado brasileiro de produtos congelados, 57% do segmento de industrializados de carne e 67% das vendas de margarinas.
Segundo cálculos da Associação Paulista de Avicultura (APA), a nova empresa responde por aproximadamente 33% do abate nacional de aves e por 31% de suínos. Nas vendas externas de carne de frango, a fatia da companhia será de 52%, em volume. Nas exportações de suínos, a participação será de 42%.
Além da liderança em aves e suínos, as duas companhias também mantêm uma atividade inicial no segmento de bovinos. A Perdigão, que nos últimos anos se esforçou para diversificar seu portfólio vem crescendo no segmento de leite e derivados, com uma fatia de 14% no mercado de processados de lácteos. Já a Sadia preferiu ficar de fora desse segmento, priorizando a internacionalização.
No fim do ano passado, a Sadia mantinha 17 unidades industriais próprias e 12 centros de distribuição no País. Já a Perdigão operava 25 unidades industriais de carnes, 15 fábricas de lácteos e 28 centros de distribuição no Brasil. As informações constam no relatório anual das duas companhias.
Valor de mercado
O ganho de sinergia gerado a partir da união das duas empresas deve proporcionar um incremento de cerca de 20% no valor de mercado das companhias juntas, calculado em R$ 10,6 bilhões considerando o fechamento da última sexta-feira (dia 15) na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Assim, mesmo sem considerar os ganhos de sinergia, a nova companhia já assume a primeira posição em valor de mercado entre as empresas brasileiras, ultrapassando a JBS Friboi, a maior indústria de carnes do mundo, cujo valor de mercado ronda os R$ 9 bilhões, de acordo com dados da Economática.
Já em faturamento, a nova companhia ainda fica atrás do Friboi. Entre as empresas com atividade de abate nas Américas, a resultante da fusão entre Sadia e Perdigão ocupa a terceira colocação, atrás somente da norte-americana Tyson Foods, que faturou US$ 27 bilhões no ano passado, e da brasileira Friboi, cuja receita somou US$ 12 bilhões no período.
Considerando o setor de alimentos como um todo, a gigante nacional ainda fica longe da liderança. O primeiro lugar no ranking elaborado pela Economática é ocupado pela norte-americana ADM, que teve receita de US$ 78 bilhões no ano passado. Na segunda posição aparece a Kraft Foods, com faturamento de US$ 42 bilhões, seguida pela Tyson Foods. A quarta posição é ocupada pelo moinho General Mills, com receita de US$ 14 bilhões, à frente de Sara Lee, Friboi, Kellogg e Dean Foods - com exceção da brasileira, todas empresas têm origem nos Estados Unidos. A Pilgrim's ocupa a décima colocação.
Liderança global
A união entre Sadia e Perdigão favorece a criação de uma grande transnacional brasileira. As exportações das duas companhias representam entre 40% e 50% de seu faturamento e ambas contam com representações comerciais em dezenas de países.
A Sadia inaugurou no ano passado uma fábrica em Kaliningrado, na Rússia, que chegou a ser colocada à venda para cobrir as perdas com derivativos, e já consolidou sua marca junto ao consumidor final em diversas nações. Na Arábia Saudita, por exemplo, a companhia possui 25% de participação de mercado.
Já a Perdigão avançou no processo de internacionalização com a compra, em 2008, da Plusfood, empresa de processados de carnes na Europa, o que possibilitou que a companhia pudesse operar no segmento de processados e refrigerados naquele país, através de três unidades industriais.