Os grandes bancos privados sentiram de forma mais intensa a recessão do Brasil no final de 2015, quando viram seu lucro líquido e os empréstimos encolherem no fechamento do quarto trimestre ante o terceiro.
Diante da deterioração mais intensa dos indicadores econômicos, os calotes subiram, puxando para cima as despesas com provisões para devedores duvidosos (PDDs) e sinalizando que, além de baixa demanda, o ciclo de crédito atual pode ter o risco ainda mais deteriorado ao longo de 2016.
No comparativo anual, ainda foi possível entregar um resultado crescente, mas em contínua desaceleração. Juntos, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander registraram lucro líquido de R$ 11,658 bilhões no quarto trimestre, cifra 5,66% maior que a vista 12 meses antes, de R$ 11,034 bilhões. Se considerados ajustes, o resultado foi 10,9% maior.
Em 2015, no entanto, a alta de dois dígitos ainda foi mantida. O resultado líquido dos três maiores bancos do país cresceu 14,55% em relação a 2014, totalizando R$ 47,2 bilhões.
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Leia a matéria completaMetas para 2016
Diante dos sinais de maior fragilidade da economia brasileira, os grandes bancos privados optaram por traçar metas mais tímidas para 2016, além de fornecerem um maior detalhamento do cenário que trabalham para frente.
O Itaú, que abriu nesta terça-feira (3) seus números, adotou, como de costume, uma dose maior de conservadorismo e já admite que sua carteira de crédito pode encolher neste ano. Na melhor das hipóteses, segundo o banco, cresce 4,5%, com destaque para crédito à exportação, enquanto o Bradesco projeta alta entre 1% e 5%. O Santander preferiu não fazer projeções ao mercado.
Quanto aos calotes, os três bancos privados trabalham com a piora na qualidade de ativos em todo o ano de 2016. No caso do Bradesco, o indicador, que mede atrasos acima de 90 dias, deve se deteriorar entre 0,1 e 0,2 ponto porcentual a cada trimestre neste ano. Itaú e Santander (este último foi o único a manter a inadimplência estável no quarto trimestre) não detalharam suas estimativas, mas não veem reversão de tendência na conjuntura atual.
Com mais clientes em atraso, os bancos tiveram de reservar um colchão extra para perdas. O saldo de PDDs cresceu mais de 24% no quarto trimestre de 2015 ante um ano, totalizando R$ 80,4 bilhões.
As despesas com calotes acompanharam a trajetória ascendente, ao avançarem 28,8% de outubro a dezembro, para R$ 13,8 bilhões. Itaú, Bradesco e Santander empurraram, assim, o gasto total com calotes de para mais de R$ 50 bilhões em 2015, número 17,5% maior que o de 2014.
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