Curitiba Juros altos e câmbio desfavorável para o exportador são os principais fatores de desestímulo à economia brasileira apontados pelo doutor em Economia José Roberto Mendonça de Barros, que estará hoje em Curitiba a convite do BankBoston para fazer uma palestra a empresários locais. O ex-secretário de Política Econômica da Fazenda, na primeira gestão de Fernando Henrique, prevê um crescimento de 3% para a economia brasileira, este ano, e de 3,3% para 2006. "O crescimento econômico do Brasil não é ruim, mas é muito modesto quando comparado ao de outros países em desenvolvimento", destaca.
Para o último trimestre deste ano, o economista prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) caia 0,2%, confirmando a desaceleração da economia. Já a taxa Selic deve encerrar o ano em 18%, caindo mais três pontos porcentuais até dezembro de 2006. No próximo ano, o desempenho das exportações vai manter o ritmo aquecido, mas o mercado interno deverá reagir.
Alguns pontos são destacados por Mendonça de Barros como responsáveis pela desaceleração da economia neste último trimestre: cautela dos consumidores em relação às compras; desaceleração nas vendas de veículos, móveis e eletrodomésticos no varejo, o que faz com que a indústria produza menos; e a crise no agronegócio. Ele estima que os produtos de baixo valor serão maioria nas vendas de Natal.
O economista atribui a baixa cotação do dólar em relação ao real à falta de novos investimentos de peso. "O que verificamos é que o empresário está optando por reformar sua fábrica ao invés de ampliar ou abrir uma nova unidade. Com o dólar no atual patamar fica difícil o empresário fazer projetos para aumentar as exportações ou ir em busca de novos mercados."
Para o economista, a inflação deverá se manter em níveis baixos, já que com a cotação do dólar nos atuais patamares, a alimentação continuará barata. "O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) baixo terá influência nos reajustes das contas de energia elétrica, água e telefone." Para 2006, ele projeta inflação entre 4,7% a 4,8%.