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Política monetária

Juro básico vai a 11,75%, maior taxa em 2 anos

Confira um comparativo dos quatro últimos reajustes da taxa de juro |
Confira um comparativo dos quatro últimos reajustes da taxa de juro (Foto: )

Brasília - O Banco Central anunciou ontem a segunda das quatro altas esperadas para este ano na taxa básica de juros, a Selic, que passou de 11,25% para 11,75% ao ano e atingiu o maior patamar em dois anos. Um aumento nos juros dessa magnitude já era esperado pela maior parte do mercado financeiro. Alguns analistas defendiam uma alta até maior para ajudar a esfriar a economia e segurar a inflação.

A alta da Selic é parte do trabalho iniciado em 2010 para evitar um superaquecimento da economia, apesar da desaceleração verificada na virada do ano, que deve ser confirmada pelo número do Produto Interno Bruto (PIB), que será divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Essa foi a segunda reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom), responsável pela definição dos juros, no governo Dilma Rousseff. A aposta do mercado financeiro é que a taxa voltará a subir nos dois próximos encontros, nos dias 20 de abril e 8 de junho, para encerrar o ano em 12,5%.

O comunicado do BC foi curto, e não deu pistas sobre a duração do ciclo de aperto monetário: "Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 11,75% a.a., sem viés".

Instrumentos

A taxa básica determina o custo do dinheiro para os bancos e serve de base para os juros dos empréstimos bancários a empresas e consumidores, cuja taxa média está hoje em 37% ao ano. A Selic é também um dos principais instrumentos que o BC tem para tentar controlar o ritmo de crescimento da economia e dos preços.

Antes de aumentar a taxa básica, o BC já havia adotado outras medidas para esfriar a economia, como restrições a financiamentos com prazo superior a 24 meses. Também retirou da economia, em dezembro, a última parte do dinheiro injetado na crise de 2008. Essas medidas já se refletiram em juros mais altos e queda nos empréstimos, mas ainda não tiveram impacto significativo sobre o consumo.

No início da semana, o governo também anunciou um corte de R$ 50 bilhões no Orçamento para reduzir os gastos públicos. Se o corte não for efetivado, o aumento dos juros tende a ser maior – o que contribuiria, por exemplo, para atrair mais dólares para o país e derrubar a cotação da moeda norte-americana.

Inflação

A inflação acumulada em 12 meses está hoje em 6%, maior patamar em seis anos, acima da meta de 4,5% – com tolerância de 2 pontos porcentuais acima ou abaixo – fixada pelo governo. A previsão do mercado financeiro é que o indicador termine o ano bem próximo do nível de 6% e só caminhe para o centro da meta em 2012, mesmo com a alta dos juros.

Outras economias emergentes, como China e Rússia, também já começaram a elevar os juros para segurar a inflação, que ressurgiu com a recuperação da economia mundial no período pós-crise.

As taxas de juros nesses países, no entanto, são mais baixas do que no Brasil, que é o líder mundial no ranking dos juros reais. Com esse aumento, os juros estão hoje no maior patamar desde março de 2009. Ainda naquele ano, por causa da crise, chegariam ao menor nível da história (8,75% ao ano).

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