Meirelles, presidente do BC: “Tendência a longo prazo é cadente”| Foto: Valter Campanato/ABr

O mercado financeiro é unânime na expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai elevar a taxa básica de juros (Selic) na próxima quarta-feira – a dúvida é apenas se ela subirá 0,5 ou 0,75 ponto. Apesar disso, o presidente do BC, Henrique Meirelles, avisa que no longo prazo o juro básico brasileiro, habitualmente entre os maiores do mundo, tende a cair. "A tendência a longo prazo é cadente porque existe um menor risco macroeconômico e um menor risco de inflação", disse Meirelles na quinta-feira, durante o 9.° Fórum Empresarial, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais, em Comandatuba, na Bahia.

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Meirelles também anunciou que o crescimento brasileiro em 2010 será maior do que o previsto pelo Fundo Monetário Interna­cio­nal (FMI), de 5,5% – projeção classificada de conservadora pelo presidente do BC, que apresentou projeções de uma expansão de 5,8%.

Embora a perspectiva de longo prazo seja mesmo favorável, é o curto prazo que mais preocupa os empresários. Para Pedro Janot, presidente da Azul Linhas Aéreas, o déficit das contas do governo e a pressão do consumo vão empurrar a taxa de juros para cima já na próxima quarta-feira. Janot prevê "crescimento robusto" do país em 2010. "Já tenho visto economistas nos bancos dizendo que o Brasil cresce 6,7%", disse. Para ele, o momento é de "cuidar da estrutura tributária brasileira."

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Nesse aspecto, as declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB), possível candidato a vice-presidente da República, foram desanimadoras. Temer classificou a reforma tributária como um tema "delicadíssimo". "Hoje estou convencido de que é melhor setorizar a reforma tributária, ou seja, não dá para fazer reforma tributária de uma única vez, é preciso fazê-la pontualmente, tema por tema."

Otimismo

Para o presidente da Pepsico Ali­­mentos, Otto Von Sothen, a queda de taxa de juros seria benéfica para todos, pois gera investimentos e clima econômico propício. "Mas [o momento atual] é um momento em que a gente entende que, pelas razões que o governo tenha, ele tem que, temporariamente, ir em outra direção." De acordo com o presidente do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), Vicente Falconi, se a inflação ganhar força, os juros devem subir numa margem pequena. "Acho que hoje o Banco Central conseguiu previsibilidade."

Quando o empresário enxerga oportunidade que vai abrir mercado, ele começa a investir rapidamente, disse o presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter. Ele evitou fazer análises da taxa de juros, mas considerou bom um possível crescimento econômico em torno de 5%. "Estou mais preocupado na sustentabilidade desse número a longo prazo do que fazer meio porcento a mais ou a menos agora", concluiu.

A jornalista viajou a convite do evento.

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