A redução no custo do crédito para a compra da casa própria, anunciada na semana passada pelo governo federal de modo a estimular a construção civil e dar um empurrãozinho no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), trará redução de até 7% no valor final de imóveis financiados pelo Sistema de Financiamento Habitacional (SFH). O cálculo é da Associação Nacional dos Executivos em Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Ainda assim, o diretor-executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da entidade, Miguel José Ribeiro de Oliveira, recomenda que o brasileiro aguarde mais um pouco para financiar um imóvel.
"Estamos numa tendência de queda da Selic (taxa básica de juros brasileira). É possível que tenhamos mais redução na taxa de financiamento lá pra frente", afirma Oliveira. Ele explica que, como o crédito imobiliário envolve valores altos e um período bastante longo, por menor que seja a redução, ela trará um grande benefício ao consumidor. "Se você financia um imóvel de R$ 200 mil ou R$ 300 mil e a taxa cai 1 ponto porcentual, estamos falando de uma economia de cerca de R$ 25 mil lá na frente", exemplifica.
O corte da semana passada foi de 1,5 ponto porcentual. Com isso, a taxa passou de 10,16% ao mês mais TR (taxa referencial) para 8,66% mais TR. O Conselho Curador do FGTS, que determinou o corte, é quem dá as diretrizes da aplicação dos recursos do FGTS. No ano passado, dos cerca de R$ 25 bilhões destinados à habitação, R$ 11 bilhões foram do FGTS, e R$ 9,3 bilhões provenientes da poupança.
A redução na taxa de juros, no entanto, vale somente para as famílias com renda mensal entre R$ 3,9 mil a R$ 4,9 mil. "O financiamento imobiliário com recursos do FGTS foi sempre privilégio das classes mais pobres. Agora o governo está possibilitando que a classe média tenha acesso a estes recursos", diz Oliveira.
O executivo recomenda ainda a escolha do sistema de amortização Sacre (da Caixa Econômica) ou Sac (dos bancos privados), com parcelas variáveis, que acarreta valor final do imóvel mais barato que o financiado pelo sistema "price", hoje o mais utilizado. Pela tabela price, as prestações iniciais são menores se comparadas às prestações iniciais do Sacre e Sac.
Porém, explica a Anefac, esta vantagem acaba provocando um custo final maior no financiamento na medida em que o cliente amortiza inicialmente menos a dívida os juros incidem sempre sobre o saldo devedor.
Miguel Oliveira recomenda ainda não comprometer mais de 25% do orçamento doméstico com o financiamento imobiliário.
Além do corte no juro para o crédito habitacional, o Conselho Curador criou facilidades para que estados, municípios e companhias de saneamento tenham acesso aos empréstimos destinados a novos projetos de abastecimento de água e rede de esgoto, e a redução nos juros para operações com Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) mais um empurrão do governo federal no PAC, principal programa do segundo mandato do presidente Lula.
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