Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Brasília – Enquanto o dólar cada vez mais barato derruba a dívida externa, a taxa Selic ainda elevada sustenta a trajetória de alta da dívida interna. Em setembro, a dívida interna em títulos públicos atingiu a marca de R$ 1,2 trilhão com o pagamento de R$ 11 bilhões de juros. Por outro lado, a dívida externa caiu, em um único mês, R$ 8,1 bilhões, ficando em R$ 115,083 bilhões. Os dados foram divulgados ontem pelo Tesouro Nacional.

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Depois de dois meses da turbulência externa, que afetou a administração da dívida e elevou o preço dos papéis vendidos pelo Tesouro, o mês de setembro foi de tranqüilidade, mesma tendência observada este mês. Assim, o governo conseguiu melhorar o perfil da dívida interna e contou com a baixa cotação do dólar, que reduziu ainda mais a dívida externa. "Tudo indica que o pior da volatilidade já passou", disse o coordenador de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Guilherme Pedras.

Segundo ele, essa análise é validada pela redução da volatilidade dos preços dos ativos (taxas dos papéis), aumento do volume de papéis negociados no mercado secundário de títulos e maior procura dos investidores por títulos prefixados, os que têm a correção definida no momento da venda. Os dados divulgados, no entanto, mostram que ainda não foi possível restabelecer alguns dos parâmetros de qualidade de administração da dívida que prevaleciam antes das turbulências provocadas pela chamada crise do subprime, as hipotecas norte-americanas.

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A crise prejudicou bastante a estratégia traçada para dois dos principais indicadores de qualidade da dívida interna: a participação dos títulos prefixados e a parcela de títulos a vencer em até 12 meses. Esses dois indicadores ainda não estão nas metas definidas pelo Plano Anual de Financiamento (PAF), o documento que estabelece metas para a administração da dívida, divulgado anualmente pelo Tesouro. Pedras, no entanto, garante que as metas serão atingidas.

A parcela dos papéis prefixados subiu de 36,43% para 36,84% do total da dívida, abaixo do piso definido no PAF, que é de 37%. Em meio às turbulências no mercado externo, o Tesouro reduziu substancialmente, em agosto, a oferta desses papéis porque, em momentos de volatilidade, os investidores fogem desse título, que carrega o risco de perdas se os juros subirem Ele não quis antecipar a estratégia do Tesouro depois da decisão do Banco Central de dar "uma pausa" na redução da taxa Selic, como por exemplo aumentar a oferta de LFTs, os papéis pós-fixados que têm taxa de correção definida de acordo com a variação da Selic. "Independentemente da decisão do Copom, o objetivo é chegar dentro das metas do PAF. Os próximos passos serão definidos nas próximas semanas", disse.

A parcela dos títulos com vencimento em até 12 meses teve melhora mais expressiva em setembro, passando de 34,09% para 33,15%. Para este indicador, que é mais saudável quanto menor for seu porcentual, a meta do PAF estabelece uma banda que vai de 23% a 33% da dívida.