A taxa média de juros paga pelos consumidores recuou pelo segundo mês seguido e se manteve no menor nível da série histórica iniciada em 1994 pelo Banco Central. O custo dos empréstimos a pessoas físicas caiu de 39,9% para 39,4% ao ano em setembro. Houve alta na taxa do cheque especial (que chegou a 167,2% ao ano), mas queda no crédito pessoal (41,6% ao ano) e na aquisição de veículos (23,3% ao ano). Outro dado positivo foi o recuo da inadimplência das pessoas físicas, que baixou 0,2 ponto porcentual (pp), para 6%, o menor nível em mais de cinco anos.
A queda dos juros médios pagos pelo consumidor tem sido atribuída à migração de dívidas mais caras (do cheque especial, por exemplo) para empréstimos com juros menores, como o consignado.
Para a consultoria Rosenberg & Associados, os dados divulgados pelo BC "corroboram o bom momento do crédito, cujas concessões continuam se expandindo, com qualidade". "Assim, o crédito continua constituindo importante base de sustentação para a atividade econômica doméstica", afirmaram, em relatório, analistas da consultoria.
Por outro lado, para as empresas a taxa de juros subiu pelo quinto mês seguido e chegou a 29% ao ano, a maior desde fevereiro de 2009. A inadimplência das pessoas jurídicas recuou 0,1 ponto, para 3,5%. O BC avalia que a alta da taxa de juros para as empresas se deve a uma piora no perfil de crédito, já que as companhias maiores migraram para o crédito subsidiado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que não entra na estatística do BC sobre juros.
O volume total da carteira de empréstimos no país cresceu 1,8% em setembro, na comparação com agosto, somando R$ 1,611 trilhão o equivalente a 46,7% do Produto Interno Bruto (PIB), ante os 46,2% do PIB em agosto e os 43,9% de setembro de 2009.
Bancos privados
Em análise sobre os dados do crédito, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) afirmou que, nos meses de julho, agosto e setembro os empréstimos dos bancos privados cresceram em ritmo superior ao das instituições públicas. Isso comprovaria que a expansão observada anteriormente no crédito dos bancos públicos era um movimento de reação à crise, e não um crescimento estrutural da participação deles no crédito total.