O movimento de queda dos juros combinado com a retomada dos IPOs (ofertas públicas de ações) a partir da operação da Locamerica, no dia 23 de abril, seguida pela bilionária emissão do BTG Pactual, três dias depois, devem favorecer o mercado de ações com a estreia de novas empresas na bolsa este ano. Não há, porém, garantia de que essa retomada nas operações de abertura de capital na Bovespa se dê na intensidade de anos anteriores.
"A janela está aberta e há uma série de empresas depositadas na CVM [Comissão de Valores Mobiliários], então o volume [de novos IPOs] deve ser bom. Mas não dá para afirmar que é a cura da ressaca", diz o diretor-presidente da BM&F Bovespa, Edemir Pinto, referindo-se à paralisação de quase um ano de novas ofertas na bolsa.
Antes da Locamerica, em abril, a última oferta pública na Bovespa havia ocorrido em julho de 2011, com o lançamento das ações da Abril Educação. Neste ano, já foram realizados cinco lançamentos, entre ofertas iniciais e secundárias além da Locamerica e do BTG, Qualicorp, Fibria e Unicasa , que captaram R$ 6 bilhões, sendo R$ 3,24 bilhões apenas do BTG. Todas essas operações ocorreram no mês passado.
Expectativa
O diretor-presidente da BM&FBovespa diz que a expectativa para o ano é "muito positiva", sobretudo porque o movimento de redução nas taxas de juros e as alterações das regras da caderneta de poupança, que "reforçam o processo" de atrair novos interessados ao mercado acionário. Os menores patamares de ganho da renda fixa, que ocorrerão daqui em diante justamente por causa da Selic menor, farão com que os investidores busquem outras alternativas de aplicação, avalia.
Avenida extraordinária
Para Edemir, o impacto do juro menor nos investimentos não será imediato. Mas abre "uma avenida extraordinária" para novos produtos, como as ações, os ETFs que podem ganhar novas modalidades, como lastro em ações pagadoras de dividendos e os contratos de inflação, por exemplo.
"O mercado entrará em um processo de transformação muito grande. Não será nos próximos meses, mas a transformação vai chegar", prevê. O apetite por risco, segundo Edemir, terá de crescer para que os ganhos com os investimentos sejam elevados.