Com a queda na taxa de juros, os fundos de pensão vão reduzir os investimentos em títulos da dívida pública e disponibilizar mais recursos de suas bilionárias carteiras para as empresas, principalmente da área de infraestrutura, aponta estudo do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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O setor privado poderia ter à disposição a expressiva soma de R$ 160 bilhões, se as aplicações desses fundos em títulos públicos caíssem, por exemplo, para um nível semelhante ao do Chile. Os técnicos do BNDES ponderam, no entanto, que a mudança só ocorrerá aos poucos e no longo prazo.

Segundo a Associação Brasileira de Previdência Privada (Abrapp), em março, 48,8% dos R$ 458 bilhões de ativos dos fundos de pensão brasileiros estavam em títulos da dívida pública. No Chile, esse porcentual é de 13%, conforme dados da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) coletados pelo BNDES. As informações mais recentes da OCDE são de 2006.

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Para atingir o nível chileno, os fundos de previdência complementar brasileiros teriam de retirar do setor público e migrar para o privado mais de 35% do seu patrimônio. O país vizinho tem um perfil parecido com o das nações ricas. Nos Estados Unidos, Japão e Alemanha, ao menos dois terços dos investimentos dos fundos de pensão são destinados ao setor privado. Já no Brasil, México, República Checa e Turquia, a concentração de títulos públicos vai de cerca de 50% a 75%.

"A crise trouxe novas oportunidades para os fundos de pensão, com efeitos positivos para o País. Esses fundos começarão a ter um papel complementar ao do BNDES, porque a lógica é a mesma", disse André Albuquerque Sant’Anna, economista do banco. "Os fundos vão buscar aplicações que assegurem rentabilidade no longo prazo, como a infraestrutura", completa Gilberto Rodrigues Borça Junior, também do BNDES.

A turbulência global permitiu uma redução agressiva dos juros, sem inflação. Com a taxa Selic em 8,75%, as aplicações em títulos públicos - que garantiam rendimento alto e segurança - começam a ser desvantajosas para os fundos de previdência complementar.