A crise financeira mundial que, no Brasil, tem afetado o setor automobilístico a ponto de provocar demissões nas principais montadoras do país. O problema não se resume, no entanto, ao mercado de carros zero.

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No pátio das revendedoras de carros usados, por exemplo, há muitos veículos e muito pouco clientes. Foi o que verificou a reportagem da Agência Brasil ao visitar a Cidade dos Automóveis, pólo de venda de carros usados de Brasília.

Das poucas pessoas que visitaram as lojas hoje (15), a maior parte estava só olhando. A linha de R$ 200 milhões para capital de giro das revendas de automóveis usados, anunciada na última quarta-feira (11) pelo governo, não chegou a provocar movimentações no setor que, desde setembro, sofre redução das vendas devido os efeitos da crise.

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A principal reclamação é sobre os juros cobrados nos parcelamentos. Estou olhando, mas vou esperar uma ou duas semanas para comprar mesmo, disse a funcionária pública Joana D'Arc Marçal de Souza, 47 anos, que vendeu seu carro na semana passada e precisa de um carro novo.

Vendi para particular porque, das revendedoras que procurei, somente três aceitavam comprar meu carro, desde que eu comprasse outro na mesma loja. Além disso, ao vender para outra pessoa, consegui dois mil reais a mais, contou.

A espera de Joana D'Arc é por juros menores. Os juros ainda estão muito altos. Vou esperar até o final desse mês para ver se encontro condições melhores para o financiamento, disse a funcionária.

O gerente de vendas da loja, Misael Soares, relatou que a empresa vem financiando os carros em até 60 meses, sendo que hoje reduziu a taxa de juros de 1. 89 % para 1.73%, com o objetivo de atrair clientes.

Mesmo assim, a promoção não foi suficiente. Antes de setembro de 2008, as revendedoras chegaram a praticar juros de 1.38%. Em dezembro e janeiro, já estávamos com uma taxa de 2.22%. Agora, a taxa reduziu, mas não temos condições de atingirmos o patamar praticado no ano passado, destacou.

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Além da pequena redução na taxa de juros, a revendedora ainda anunciou que bancará o Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) e ainda as despesas com a transferência. Mesmo assim, os clientes não se animaram, destacou o vendedor, que viu quatro lojas da sua rua serem fechadas com a demissão de cerca de 20 colegas. Aqui na loja não houve demissões de vendedores, mas, para se ajustar aos novos tempos, polidores e pessoas que trabalhavam no setor administrativo foram mandados embora, revelou.

Em janeiro, o governo chegou a divulgar que a compra do Banco Votorantim pelo Banco do Brasil tinha o objetivo de incrementar o financiamento de carros usados. No entanto, de acordo com a assessoria do BB, a taxa mínima praticada para veículos usados para pessoa física é de 1,55% ao mês, a mesma praticada antes da compra da empresa privada e, ainda de acordo com a assessoria, não há a intenção de baixá-la se não houver mais redução na taxa básica de juros, a Selic.