Concessionária de carros em Curitiba: contratação de financiamentos caiu 8,1% em setembro. No ano, a queda foi de 4,4%| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Perspectivas

No Natal, 45% das compras devem ser à vista, diz ACP

Com juros mais altos, o crédito terá uma influência menor nas vendas de Natal do que teve nos anos anteriores, segundo projeções da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito).

Esse comportamento deve ocorrer não só por conta do encarecimento dos juros, mas também pela preocupação do consumidor brasileiro em comprometer orçamento com muitas compras parceladas. Segundo Claudio Shimoyama, consultor da Associação Comercial do Paraná (ACP), das compras de Natal desse ano, 45% devem ser à vista.

A ACP prevê um crescimento de 8% nas vendas de fim de ano na comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2012, as vendas haviam crescido 6%.

Além do pagamento do décimo terceiro salário e a renegociação de dívidas, a queda da inadimplência deve trazer mais consumidores para as compras. A inadimplência vem recuando nos últimos meses, segundo dados do Banco Central. Em setembro estava em 4,8%, contra 5,9% no mesmo período do ano passado.

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A alta dos juros começa a afetar o ritmo de concessões de crédito e impulsionar as compras à vista. Com o novo ciclo de elevação da taxa básica de juros (Selic), iniciado em abril, os juros cobrados pelo sistema financeiro para o consumidor atingiram 25,5% ao ano, o maior patamar dos últimos 12 meses, segundo o Banco Central.

INFOGRÁFICO: Inadimplência cai, mas taxa de juros volta a subir

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Com o crédito mais caro, a inflação mais alta e os bancos ainda seletivos na aprovação dos cadastros, o ritmo de concessões está menor. Em setembro, caiu 3% na comparação com o mês anterior, para R$ 147,5 bilhões, de acordo com dados do Banco Central. No trimestre, o crescimento foi de 1,7%.

Com os juros mais altos, o comércio vem registrando um aumento dos pagamentos à vista. Segundo Claudio Shimoyama, consultor da Associação Comercial do Paraná (ACP), eles já representam 40% das vendas na região de Curitiba. No mesmo período do ano passado, era de 35%. "Há uma concentração maior de pessoas que pagam à vista com desconto. Os juros mais altos desestimulam a venda a prazo", diz.

Pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), que será divulgada nessa semana deve revelar a sexta alta consecutiva dos juros nas operações de crédito no país, adianta o vice-presidente da entidade, Miguel José Ribeiro de Oliveira. "Os juros vêm subindo na maioria das categorias de financiamentos", diz.

Queda

Entre os setores que mais sofreram com a redução dos empréstimos foi o de veículos, com queda de 8,1% em setembro em relação ao mês anterior. No ano, os volumes estão 4,4% menores.

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O desempenho mais fraco já fez a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) revisar as projeções de crescimento para o ano de 6% para 2%. Segundo a Anef, os bancos passaram a exigir entradas maiores - de 40% a 50% - nos financiamentos com taxas zero, o que reduz a parcela a ser financiada dos veículos.

Outras categorias de crédito também sofreram em setembro em relação ao mês anterior, como aquisição de bens, com queda de 4,5%, cheque especial, com recuo de 0,8%, crédito pessoal, com menos 6% e consignado, com 16% de retração.

Apesar do crédito mais caro, no acumulado do ano o crédito ainda deve fechar com crescimento próximo de 15%, segundo projeção da Anefac - mais de cinco vezes o que cresce a economia brasileira. Em setembro, o saldo de financiamentos para pessoas físicas estava em R$ 1,2 trilhão. A parcela do crédito de pessoas físicas sobre o Produto Interno Bruto (PIB) está em 25,7%.

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