Veja repercussão sobre a queda da taxa de juros para 10,25% ao ano
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, reduziu nesta quarta-feira (29) em um ponto percentual - para 10,25% ao ano - a Selic, taxa de juros referência para a economia brasileira. A redução ficou dentro das expectativas dos analistas.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central optou por reduzir o ritmo de corte dos juros básicos da economia em sua reunião de abril, ao baixar a taxa Selic de 11,25% para 10,25% ao ano nesta quarta-feira (29). A redução de um ponto nos juros foi menor do que aquela realizada em março deste ano, quando a taxa caiu 1,5 ponto percentual - no que foi o maior corte desde dezembro de 2003. Esse foi o terceiro corte consecutivo.
Com a decisão desta quarta, os juros básicos da economia, que servem de referência para sistema financeiro, caíram para níveis sem precedentes na história do país. Até o momento, o menor nível já registrado, de 11,25% ao ano, havia ocorrido entre setembro de 2007 e abril do ano passado, e entre 12 de março de 2009 e esta quarta-feira. A nova taxa passa a vigorar a partir desta quinta-feira (30). A série histórica do BC sobre a taxa de juros tem início em 1996.
Ao fim da reunião, o Banco Central divulgou a seguinte frase: "Avaliando o cenário macroeconômico e visando ampliar o processo de distensão monetária, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 10,25% ao ano, sem viés, por unanimidade".
Em linha com o mercado
A decisão do Copom também veio em linha com o que acreditava a maior parte do mercado financeiro, que vinha estimando redução para 10,25% ao ano em abril. Para o mercado, os juros continuarão em queda nos próximos meses, terminando este ano em 9,25% ao ano, ou seja, pela primeira vez em um dígito (abaixo de 10% ao ano).
Juros reais
Além de atingir uma taxa de juros nunca antes registrada na história do país, o anúncio do Copom também retirou o país da liderança mundial dos juros reais - obtidos após o abatimento da inflação. O Brasil ocupava a liderança deste ranking há um ano, segundo informações da consultoria UpTrend.
Com a redução dos juros nominais para 10,25% ao ano, os juros reais brasileiros caíram para 5,8% ao ano. O país foi ultrapassado pela China (6,6% ao ano) e pela Hungria (6,4% ao ano), passando a figurar, com isso, na terceira posição do ranking.
"Esta posição [3o lugar] não era alcançada desde novembro de 2003 e mostra que a política de afrouxamento monetário ainda deixa o país entre os melhores pagadores de juros, ao consideramos dois graus de investimento, e no cenário de investimento", avaliou a UpTrend.
Crise financeira
Desde o início deste ano, os juros básicos da economia já recuaram 3,5 pontos percentuais, uma vez que fecharam 2008 em 13,75% ao ano. A forte queda dos juros em 2009 está relacionada com os efeitos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira.
Após o agravamento da crise, em meados de setembro, com o anúncio de concordata do banco norte-americano Lehman Brothers, várias economias registraram piora no nível de atividade econômica, resultando em demissões e recessão ao redor do mundo. O quadro também se agravou no Brasil, com o fechamento de quase 800 mil postos formais de trabalho entre novembro do ano passado e janeiro de 2009 - embora tenha havido pequena recuperação em fevereiro e março.
O fechamento de vagas, e a falta de confiança da população, levaram o consumidor brasileiro a reduzir o ritmo de compras e, com isso, diminuíram também as pressões inflacionárias na economia brasileira. Em fevereiro, porém, as vendas no varejo aumentaram 1,5% em relação a janeiro, resultado que ficou acima das expectativas do mercado e houve uma pequena melhora nas concessões de crédito e na produção industrial.
Metas de inflação
No Brasil, vigora o sistema de metas de inflação, pelo qual o Copom tem de calibrar a taxa de juros para atingir uma meta pré-determinada com base no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Ao subir os juros, atua para conter a inflação e, ao baixá-los, avalia que a inflação está condizente com as metas.
Para este ano, e para 2010, a meta central de inflação é de 4,50%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Com isso, o IPCA pode ficar entre 2,50% e 6,50% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Para 2009, a projeção do mercado financeiro para o IPCA, que estava em 5,20% em dezembro e já havia recuado para 4,80% janeiro e 4,57% em março, caíram para 4,30% na última semana. Para 2010, estão em 4,30% - também abaixo da meta central. O próprio BC previu, no fim de março, inflação baixo da meta em em 2009 e no ano que vem.
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