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Juros em alta dão nova chance aos pós-fixados

O aumento da taxa básica de juros (Selic), que alcançou 8% ao ano na semana passada, ajuda a melhorar o rendimento de alguns investimentos de renda fixa. Com o acréscimo de 0,5 ponto porcentual, ficam mais atrativas, por exemplo, a caderneta de poupança e as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), que têm o rendimento atrelado à taxa. Também devem acompanhar a alta os rendimentos dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e os fundos DI, atrelados à taxa DI, que costuma seguir a tendência da Selic.

Em alguns casos o efeito pode demorar alguns meses para ser completamente percebido, afirma Pedro Piccoli, professor de Finanças na UFPR. "Títulos do Tesouro Direto são ajustados mais rapidamente, então o investidor pode usufruir já de títulos com rendimento maior", completa. Mas é preciso ficar atento para ter certeza de que o investimento vale mesmo a pena. "Considerando o desconto do Imposto de Renda e da taxa de administração, o rendimento tem de ser maior que a inflação. Em qualquer fundo cobrando mais de 2% de taxa de administração, o investidor perde dinheiro. O ganho real fica negativo", adverte o professor.

Para os especialistas, quem se beneficia do aumento da Selic são os investidores que haviam montado uma carteira com papéis pós-fixados. "Isso vai depender da expectativa do mercado, mas se o investidor ainda apostar em futuros aumentos dos juros, o melhor é o pós-fixado. Depende da expectativa de inflação e como o Banco Central vai reagir", explica o professor Marcelo Curado, também da UFPR.

As opções pós-fixadas mais acessíveis no varejo são os Certificados de Depósito Bancário (CDB) e a poupança. O CDB não tem taxa de administração como os fundos, mas só é interessante se for negociado a uma taxa acima de 95% do CDI, diz Curado.

Expectativa

A expectativa do mercado é uma taxa básica de juros mais estável no segundo semestre, a depender do comportamento da inflação para os próximos meses. A longo prazo a alta pode ter efeito no mercado de câmbio, afirma Curado. "A tendência internacional de juros caindo e entrada de capital de curto prazo colocam os juros contribuindo para a valorização do real. Mas isso pode ser influenciado pelos resultados balança comercial", observa.

Tendência

Bancos vão brigar por serviços

Reuters

Os grandes bancos brasilei­ros vão buscar mais receitas com prestação de serviços para proteger suas margens, apesar da alta na taxa básica de juros promovida pelo Banco Central. As estratégias apontam para a diversificação como forma de melhorar margens deprimidas nos últimos trimestres por crescimento econômico lento, inadimplência elevada e pressão do governo para redução do spread, diferença entre o custo do dinheiro para um banco e o que ele cobra pelos empréstimos.

A avaliação é que as instituições financeiras estão motivadas a fazer esforços rumo à diversificação, já que não esperam uma retomada da Selic ao nível de dois dígitos já visto no país. Produtos financeiros, como seguros e cartões, além de assessoria em mercado de capitais, são as frentes escolhidas pelas instituições financeiras para conquistar mais receitas.

Movimentos recentes, como a compra da Credicard pelo Itaú Unibanco, a abertura de capital da BB Seguridade e o interesse da Caixa e do Banco do Brasil em desenvolverem a área de banco de investimentos demonstram o apetite das instituições financeiras por estes mercados. "Com menores taxas, é preciso encontrar outras formas de ganhar mais receita e gastar menos", afirmou o diretor de controladoria do Itaú Unibanco, Rogério Calderón.

A alta de 0,5 ponto porcentual da Selic não deve afetar os planos. "Trata-se de uma estratégia que não muda por movimentos de curto prazo no mercado", acrescentou.

Na mesma direção, o analista do BES Securities Gustavo Schroden acredita que a alta da Selic para 8% terá algum impacto positivo sobre a precificação das carteiras de crédito dos bancos, mas é insuficiente para mudar o apetite das instituições pelo segmento de serviços.

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