Inadimplência
Calote fica estável em agosto, mas é o maior desde 2000
A inadimplência de consumidores e empresas ficou estável em 5,9% em agosto, depois de leve alta em julho. O índice, no entanto, é o maior desde junho de 2000.
Enquanto o indicador relativo às operações com pessoas físicas permaneceu em 7,9% no mês passado, o calote de mais de 90 dias aumentou levemente para a pessoa jurídica, ao passar de 4% para 4,1%.
O volume de crédito cresceu 1,2% em agosto, chegando a 51% do PIB (Produto Interno Bruto), ou R$ 2,211 trilhões, informou o Banco Central. A autoridade monetária atribuiu a melhora do mercado de crédito, que apresentou fraqueza no início do ano, à redução dos juros e à estabilidade da inadimplência. "A tendência é de melhora do quadro, com queda da inadimplência no último trimestre", prevê Miguel Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Um dos mais afetados pelo aumento do calote em 2012, o setor de veículos registrou reduções tanto na inadimplência, de 6% para 5,9%, como nos atrasos de 15 a 90 dias, de 7,9% para 7,7%.
Nome sujo
Pesquisa nacional encomendada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) aponta que 41% dos consumidores brasileiros já foram ou estão impossibilitados de fazerem compras a prazo por estarem com o nome "sujo". Os motivos principais indicados pelos inadimplentes são a falta de planejamento financeiro e a dificuldade de avaliar o quanto efetivamente pagam quando fazem compras parceladas. Apesar deste cenário incluir pessoas das classes A e B, o estudo mostra que são os brasileiros das classes C e D os que mais sofrem com a situação da inadimplência. De acordo com os dados, 44% das famílias com renda até R$ 3.825 mensais já estiveram ou estão com os nomes bloqueados para compras a prazo. Em famílias brasileiras com renda superior a este limite, o percentual cai para 32%. Em famílias brasileiras com renda até R$ 3.825 por mês, 40% manifestam despreocupação em se informar sobre as taxas de juros, enquanto que nas classes de renda superior a despreocupação cai para 19%.
49,5% a mais
A tarifa pelo fornecimento de extrato mensal de conta corrente foi uma das que mais subiram este ano, de acordo com informações enviadas pelas próprias instituições ao Banco Central. O serviço de compra e venda de moeda estrangeira em cartão pré-pago elevou-se ainda mais: 191% no período, de R$ 18,33 para R$ 53,44, em média.
As taxas de juros cobradas de consumidores e empresas atingiu, no mês passado, o menor patamar da série histórica, iniciada em 2000. Segundo relatório do Banco Central, a taxa de juros média caiu 0,6 ponto porcentual de julho para agosto, para 30,1% ao ano 10 pontos abaixo da registrada no mesmo período do ano passado. Em compensação, os bancos têm elevado fortemente suas tarifas desde o início do ano. Desde janeiro, as tarifas máximas cobradas pelos bancos públicos e privados pelos produtos e serviços mais comuns tiveram aumento de até 191% na pessoa física.
De acordo com o Banco Central, para a pessoa física, a taxa média de juros recuou de 36,2% ao ano em julho para 35,6% no mês passado, o menor patamar desde julho de 1994. Os juros para a pessoa jurídica também caíram, passando de 23,6% para 23,1% anuais, no mesmo período.
O movimento é puxado pela recente queda na taxa básica de juros (Selic) e pelo esforço do governo em pressionar os bancos a diminuírem seus "spreads" (diferença entre o custo de captação do banco e quanto ele cobra dos clientes). A Selic, que baliza o custo de captação dos bancos, caiu de 12,5% ao ano em agosto de 2011 para 7,5% ao ano no mês passado.
"É um bom sinal. Os juros recuaram até mesmo no cartão de crédito, que tradicionalmente cobra as taxas mais elevadas", diz Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
As três principais linhas de crédito para pessoa física monitoradas pelo BC registraram queda nas taxas na comparação mensal. No cheque especial, os juros recuaram de 151% ao ano em julho para 148,6% ao ano em agosto. No crédito pessoal a queda foi de 39,9% para 39,4% no mesmo período. Já no crédito para veículos, o recuo foi de 21% para 20,5% anuais na mesma base de comparação.
Os spreads voltaram a cair no mês passado, de acordo com o Banco Central. O valor médio recuou meio ponto porcentual em agosto para 22,5 pontos porcentuais. Esse patamar é 5,3 pontos porcentuais inferior ao observado há um ano.
Tarifas
Em compensação, os bancos vêm reajustando as tarifas. Levantamento de dados entre bancos públicos e privados mostra que a maior alta foi praticada no serviço de compra e venda de moeda estrangeira em cartão pré-pago, que na média passou de R$ 18,33 para R$ 53,44 entre janeiro e setembro deste ano, uma variação de 191%. Todas as tarifas de operações de câmbio tiveram reajuste no período. O fornecimento de extrato mensal também sofreu um dos maiores aumentos, de 49,5%, passando de uma média de R$ 2,48 para R$ 3,71.
Os dados das tarifas são informados pelas instituições financeiras ao Banco Central. A comparação foi realizada entre as tarifas disponíveis nos dias 2 de janeiro e 19 de setembro deste ano no segmento pessoa física.
"Para os bancos é impossível recompor por completo a redução das taxas de juros e as perdas de margens apenas com o aumento dos volumes de concessão de crédito. Os bancos então buscam compensar essa redução com o aumento das tarifas" diz Fabio Tadeu Araújo, professor da economia da PUCPR.
Apesar disso, a conta ainda é, na média, favorável ao cliente a redução dos juros é maior do que o aumento das tarifas, segundo ele. " Essa vantagem varia caso a caso, mas é mais significativa entre aqueles que usam mais o crédito mais caro, como o cheque especial por exemplo" afirma.
Bradesco lidera os reajustes
Dentre os cinco maiores bancos de varejo, o Bradesco foi o que mais apresentou reajustes. De 45 tarifas, dez cresceram. O serviço de pagamento de contas utilizando a função crédito em espécie passou de R$ 7,9 para R$ 15, uma variação de 89,8% a maior. Uma tarifa diminuiu no período: anuidade do cartão básico nacional.
O Bradesco afirma que a tabela de serviços reflete os valores máximos e não os efetivamente praticados, pois variam de acordo com o relacionamento do cliente com o banco. "De um modo geral os preços dos pacotes de tarifas do Bradesco estão em patamares inferiores à média de mercado", diz o banco em nota.
O Banco do Brasil foi o segundo que mais fez reajustes no período. De 42 tarifas, oito delas aumentaram e uma diminuiu. A tarifa cobrada nos depósitos identificados cresceu mais e passou de R$ 2,7 para R$ 3,1, uma variação de 14,8%. A tarifa de fornecimento de extratos passou de R$ 1,6 para R$ 1,8 e ficou 12,5% maior.
O Banco do Brasil informa que manteve inalteradas as tarifas bancárias no período de 2008 a 2011, mas que no ano passado e neste realizou dois movimentos de correção dos preços praticados em percentuais, em média, inferiores a índices de inflação observados no período, como o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que ficou em 5,24% no acumulado dos últimos 12 meses terminados em agosto.
No entanto, das oito tarifas que sofreram aumento no Banco do Brasil, conforme os dados do Banco Central, somente uma delas teve reajuste abaixo do IPCA, no serviço de concessão de adiantamento a depositante (aumento de 2%).
Das 43 tarifas informadas pelo Santander, duas sofreram reajuste entre janeiro e setembro. A maior variação, de 13,3%, foi no serviço de avaliação emergencial de crédito, que passou de R$ 15 para R$ 17. O serviço de pagamento de contas utilizando a função crédito em espécie também foi reajustado, em 6,6%. O banco confirma os reajustes e afirma que as duas tarifas não eram alteradas há muito tempo.
Já no Itaú Unibanco, de 38 taxas, duas cresceram e uma caiu. O serviço de concessão de adiantamento a depositante foi reajustado em 12,8%, de R$ 39 para R$ 44, já a exclusão do cadastro de emitentes de cheques sem fundo aumentou 11,6%. A taxa de cadastro para início de relacionamento com o banco caiu de R$ 50 para R$ 30. Procurado, o Itaú Unibanco não comentou os reajustes.
A Caixa Econômica Federal manteve suas tarifas inalteradas no período, exceto para o serviço de fornecimento de extrato, cuja taxa caiu pela metade, de R$4 para R$2.
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