O juiz distrital dos Estados Unidos Richard Leon decidiu nesta terça-feira que a AT&T pode ir adiante com seus planos de adquirir a Time Warner, rejeitando as alegações do Departamento de Justiça (DOJ, na sigla em inglês) americano de que o negócio suprimiria a competição na indústria de televisão paga.
“Concluo que o governo falhou (na tentativa de) satisfazer o ônus da prova”, disse o magistrado. Leon apontou que o DOJ não provou que o negócio poderia ter por provável consequência prejudicar consumidores.
Em um desfecho altamente inusual da sessão da corte, o juiz urgiu o governo dos EUA a deixar que as companhias fechassem o negócio sem demais interferências legais. A proposta de aquisição da Time Warner pela AT&T, avaliada em cerca de US$ 80 bilhões, pende de aval regulatório desde outubro de 2016.
Na prática, a fusão dará à AT&T uma entrada de peso no entretenimento. A Time Warner controla empresas como HBO, Warner Bros e CNN.
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Pessoas contrárias à fusão argumentam que ela não beneficiará o consumidor final: os preços devem subir e a AT&T poderá direcionar a programação da Time Warner em detrimento da de produtoras e canais rivais. Além disso, o aval da Justiça pode despertar o interesse de outras gigantes por fusões similares — a Disney, por exemplo, aguarda a aprovação da compra da 21st Century Fox, um negócio de US$ 52,4 bilhões. Assim, empresas de telecomunicações, tecnologia e entretenimento poderão criar, no futuro, conglomerados gigantescos, reduzindo a competição e prejudicando os consumidores.
“Para as empresa em geral, [a decisão] será vista como uma luz verde para fusões”, disse Ed Black, presidente da Associação da Indústria de Computadores e Comunicações, um grupo sediado em Washington que representa empresas como Amazon, Facebook e Google, ao Washington Post.
Às 18h40 (de Brasília) da terça, no “after hours” de Nova York, as ações da AT&T tinham baixa de 2,50%, enquanto as da Time Warner disparavam 4,34%.