Uma determinação do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e um acordo entre trabalhadores e companhias aéreas reduziu a chance de greve nos aeroportos a partir das 23 horas de hoje, como prometiam os sindicatos. Entidades ligadas à CUT reduziram sua reivindicação de aumento para 6,5%, o que teria sido aceito pelas empresas. A assinatura do acordo estaria prevista para hoje, quando haverá assembleias em vários estados, mas, para Marlene Ruza, diretora do Sindicato Nacional dos Aeronautas, a greve continua de pé até segunda ordem.
No fim da tarde de ontem, o presidente do TST, ministro João Oreste Dalazen, determinou que pelo menos 80% dos aeronautas e dos aeroviários estejam em seus postos de trabalho amanhã e nos dias 24, 29, 30 e 31. Se desrespeitarem a decisão liminar, o Sindicato Nacional dos Aeronautas, o Sindicato Nacional dos Aeroviários e os sindicatos dos aeroviários de Porto Alegre, Pernambuco e Guarulhos estarão sujeitos à multa de R$ 100 mil por dia de descumprimento.
Procurado pela Gazeta do Povo, o Sindicato Nacional dos Aeroviários informou que a mobilização para a greve está mantida e a paralisação poderia ocorrer mesmo sem a participação dos sindicatos, para isentá-los dos custos de uma eventual multa por descumprimento à determinação do tribunal. Segundo a assessoria de imprensa do sindicato, os funcionários estariam revoltados com a pressão por uma conciliação nos termos oferecidos pelas empresas aéreas e com a tentativa de esvaziar a greve com a determinação de um porcentual mínimo de funcionários trabalhando no ano passado, a greve foi cancelada justamente após o TST ordenar uma presença de pelo menos 80% dos empregados nos aeroportos.
"Mesma história"
Funcionários das companhias aéreas que trabalham no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba), afirmaram que só tiveram conhecimento da ameaça de greve nos aeroportos por meio dos jornais e televisões. Apesar de pertencerem à categoria representada pelo Sindicato Nacional dos Aeroviários, a maioria não acredita em paralisação. "Todo ano é a mesma história de greve quando chega esse período", diz uma funcionária da TAM. "Não acredito que a greve vá ocorrer", afirma uma empregada da Webjet.
Isolados e sem representatividade, eles apontam a distância entre os centros de decisão dos órgãos de classe e os trabalhadores dos aeroportos do estado como os principais fatores da desmotivação dos funcionários. Além disso, a falta de representantes e lideranças mais efetivas no Paraná acaba levando à desmobilização da categoria.
Muitos funcionários desconheciam inclusive o fato de estarem vinculados a um sindicato com sede no Rio de Janeiro. "Não temos contato, não recebemos notificações falando da paralisação. As ações da entidade são direcionadas ao eixo Rio-São Paulo", diz um aeroviário que trabalha há seis anos na Gol e reclama que a única hora em que o sindicato se faz presente é o momento de descontar contribuições diretamente na folha de pagamento dos sindicalizados nos três primeiros meses do ano somadas, as parcelas chegam a R$ 80.