A Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor de Curitiba instaurou ontem uma investigação para apurar a alta no valor dos combustíveis vendidos na capital, sobretudo do álcool. O objetivo do promotor João Henrique Vilela da Silveira é identificar os responsáveis pelo aumento. A partir de segunda-feira a promotoria começa a enviar ofícios para os órgãos da cadeia do combustível para reunir informações. Um parecer do promotor deve sair no prazo de cinco dias da entrega dos documentos.

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Caso seja aumento abusivo e identificado um ou mais responsáveis, a promotoria pode entrar com uma ação civil pública. "Queremos saber por que o álcool subiu 15% entre outubro e fevereiro, passando de R$ 1,69 para R$1,96, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP)", questiona o promotor.

A escalada mais forte dos preços dos combustíveis começou na quarta-feira, quando entrou em vigor a medida do governo que reduziu de 25% para 20% a mistura de álcool na gasolina. O objetivo do governo era segurar os preços do álcool, pressionado pela alta demanda e pela entressafra da cana-de-açúcar. No entanto, o álcool foi o produto que mais subiu nas bombas.

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Questionado sobre o assunto o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, negou que haja no país uma crise do álcool e atribuiu a alta dos preços nas bombas à especulação. Segundo o ministro, pelos cálculos do governo, a queda na composição do álcool anidro na gasolina vendida nos postos causaria um aumento entre 1,5% e, no máximo, 3%. "Um aumento de 10% é absolutamente especulativo. A mudança na composição é de 1.º de março. Esse combustível ainda não chegou aos postos", afirmou o ministro, em entrevista em Buenos Aires.

Em Curitiba, conforme apurou a Gazeta do Povo, a gasolina subiu em média 4% e o álcool 11% já a partir de 1.º de março. O presidente do Sindicombustíveis, sindicato dos donos dos postos, Roberto Fregonese, discorda da declaração do ministro Rodrigues. "Ele fala em especulação mas não diz onde está o problema, se é nos postos, na distribuidora, na usina ou na Petrobrás. Se o ministro diz que há especulação, a obrigação dele é punir quem especula; o estado tem instrumentos legais para isso", analisa.

Fregonese acrescentou que concorda com a abertura dos processos investigatórios para esclarecer os aumentos. "Já era tempo de discutirmos preços e tributações de combustíveis no Brasil."

Ontem o Procon do Paraná aplicou uma multa cautelar de R$ 159 mil no Sindicombustíveis, sob o argumento de que o sindicato deveria ter informado o consumidor sobre os aumentos. Até o final desta edição, o Sindicombustíveis não havia sido notificado.