A Klabin pretende instalar uma fábrica de papel-cartão em Ortigueira, mesma cidade onde a empresa vai erguer sua unidade industrial de celulose, que está orçada em R$ 6,8 bilhões. A nova linha de papel-cartão, que é usado na fabricação de embalagens, terá capacidade para fazer até 400 mil toneladas/ano e poderá significar, segundo estimativas de mercado, um investimento adicional de até US$ 800 milhões.
O último grande investimento da Klabin no segmento de papel-cartão foi feito em 2007, em uma máquina com capacidade para 350 mil toneladas ano em Telêmaco Borba. Na época, o investimento somou R$ 2,2 bilhões. A empresa preferiu não comentar os novos investimentos.
A Klabin funciona hoje muito próxima do seu limite de capacidade no mercado de papel-cartão e necessita de novos investimentos para fazer frente a novos contratos, entre eles o de embalagens longa vida para a Tetra Pak. A ideia original era investir na produção de papel-cartão em Ortigueira um ano depois da inauguração da fábrica de celulose, que fornecerá matéria-prima para a produção do papel a partir de 2015.
Se confirmada, a nova fábrica representará um aumento de 50% na produção de papel-cartão da empresa, segundo Ederson de Almeida, diretor-executivo da Consufor, consultoria especializada no setor florestal.
Em 2012, a produção brasileira de papel-cartão foi de 733 mil toneladas, 3,8% mais que em 2011, segundo a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).
A demanda mundial de papel-cartão crescerá em média 2% ao ano nos próximos dez anos, puxada pela demanda da Ásia, segundo projeções da Consufor.
Atualmente, a maior parte da produção brasileira de papel cartão é destinada ao mercado interno (cerca de 75%). Segundo Almeida, esse mercado também deve crescer, uma vez que os segmentos que consomem o papel- cartão (higiene, medicamentos, alimentos e utensílios domésticos) projetam forte avanço nos próximos anos.
Obras da planta de celulose começaram com atraso, neste mês de abril
O Conselho de Administração da Klabin deve aprovar nos próximos meses os investimentos na nova fábrica de celulose, que terá capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose de fibra curta e longa a partir de 2015. Segundo o secretário de administração de Ortigueira, Altair Campos de Sousa, as obras de terraplanagem da nova fábrica, que deveriam ter começado no início do ano, sofreram atrasos por conta da chuva e iniciaram somente na segunda semana de abril. "Cerca de 100 caminhões e 50 máquinas ficaram paradas mais de um mês à espera do início dos trabalhos", diz. A nova fábrica será instalada a 15 quilômetros da área urbana de Ortigueira.
Aproximadamente 300 pessoas devem trabalhar nessa fase, número que poderá subir, nas contas da prefeitura, para algo próximo a 8 mil durante o pico da obra, programado para daqui 18 meses.
Em nota, a Klabin informou que começaram "algumas pequenas atividades de preparação do terreno da nova fábrica em Ortigueira". De acordo com a empresa, o início das obras de construção civil da nova fábrica depende da aprovação do Conselho de Administração da Klabin, que ainda não tem data para ocorrer.
Perspectivas
Quando estiver pronta, a fábrica de celulose deve empregar 1,5 mil funcionários. O projeto vem movimentando a região e a preocupação, de acordo com o secretário, é com a capacidade que a cidade de 23 mil habitantes 60% deles na área rural terá para atender a demanda gerada pelo projeto. A construção ainda nem começou e já não há quase imóveis para locação na cidade, segundo Sousa. Os preços de áreas no entorno da cidade já triplicaram de valor.
Partilha de ICMS
Uma das novidades do investimento é a partilha do ICMS entre os municípios produtores de matéria-prima. Ortigueira ficará com 50% do imposto gerado. A outra metade será dividida entre os municípios de Cândido de Abreu, Congoinhas, Curiúva, Imbaú, Reserva, Rio Branco do Ivaí, São Jerônimo da Serra, Sapopema, Telêmaco Borba, Tibagi e Ventania.