O fenômeno vem acontecendo com cada vez mais frequência nos Estados Unidos: profissionais são contratados ou deixam de ser de acordo com suas respectivas notas no Klout. Criada há três anos, o Klout se apresenta como uma startup que tem a missão de medir a influência de todas as pessoas on-line.
Um algoritmo desenvolvido pela empresa dá uma nota de 1 a 100 a cada usuário do menos para o mais influente. A medição leva em conta coisas como o número de retweets e respostas no Twitter, e comentários, likes e compartilhamentos no Facebook. O nível de interatividade em sites como o LinkedIn e o Goolge+ também pesam na nota.
O serviço também elege algumas áreas de especialidade de cada usuário, de acordo com os temas mais debatidos por ele nas redes sociais, ou por indicação de outros usuários. Seu colega entende tudo sobre marketing? Você pode entrar no Klout e dar-lhe um K+ (a moeda do site) em marketing.
Nos últimos meses, o site parece ter decolado. Em setembro, a Microsoft anunciou investimento na empresa e passou a integrar a nota do Klout em seu sistema de buscas, o Bing. Dependendo do número de um usuário no serviço, ele poderá aparecer no resultado de uma busca o amigo do marketing, por exemplo, pode aparecer nos resultados quando alguém procurar por "especialista em marketing no Brasil".
Além disso, uma série de empresas começou a utilizar o número do Klout para oferecer serviços especiais aos usuários com notas altas. Descontos para shows e hotéis e acesso a áreas VIPs de aeroporto foram algumas das promoções lançadas nos EUA. Para as marcas, a lógica é de que as pessoas mais influentes podem disseminar o serviço, nas suas próprias redes ou através do boca a boca, fazendo com que a empresa ganhe uma massa crítica positiva. Em últimas: o gasto com os mimos de poucos se transformariam em receita no futuro.
Há uma porção de gente cética sobre o poder da nota no Klout, especialmente porque ninguém sabe ao certo como funciona o algoritmo que calcula o número, ou mesmo se faz algum sentido levá-lo em consideração. "Ter um zilhão de seguidores no Twitter e produzir dezenas de tweets todos os dias não faz de você um influenciador, mas sim um irritante. Quando as pessoas retuítam ou repetem o que você diz, o mais provável é que elas já concordam com o que você acabou de dizer. Isso não é influência, é uma câmara de eco", diz em um artigo o jornalista especializado em tecnologia Dan Tynan.
Outro problema do crescimento do Klout é que a paranoia generalizada em relação a um número pode ter consequências indesejáveis, alterando os valores atuais do mercado de trabalho. "O Klout é um sistema usado especialmente por marqueteiros sob a ideia de que é um medidor legítimo e genuíno do poder de influência de uma pessoa. No entanto, está começando a ser levado a sério por pessoas além de marqueteiros. Se eu quero ser julgado, eu gostaria que fosse pelos meus méritos, como uma pessoa", afirma Matt Demers em seu blog (http://mattdemers.com).
Defesa
O fundador e CEO do Klout, Joe Fernandez, se defende constantemente desse tipo de acusação. Para ele, a nota no site é mais uma ferramenta que pode ser utilizada por empregadores na hora de uma contratação mas nem de longe a única, garante. "Cada vez mais a sua habilidade de se comunicar, usando a rede social, é uma habilidade desejável. Se você tem uma nota alta, por que não mostrar ao empregador? Há 15 anos, as empresas estavam procurando pessoas que estivessem confortáveis em usar um computador. Hoje, é preciso estar confortável na rede social. As pessoas não acreditam em anúncios: elas acreditam em pessoas, nos amigos. Ser capaz de ativar a sua rede de contatos passou a ser uma habilidade-chave", afirmou ele em entrevista ao site de tecnologia TechCrunch.