A Kraft Heinz disse que vai cortar 2.500 empregos nos Estados Unidos e Canadá como parte de iniciativas de redução de custos. A decisão ocorre cinco meses após o anúncio da fusão de US$ 46 bilhões da fabricante de ketchup H.J. Heinz com a Kraft Foods.
Do total de cortes de empregos, 700 serão na sede da companhia no Estado de Illinois, disse em declaração por e-mail à Reuters o porta-voz da empresa Michael Mullen.
Fusão
A fusão da Heinz com a Kraft Foods, anunciada no final de março, envolveu o trio de brasileiros do fundo 3G Capital – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – e o megainvestidor Warren Buffett.
A operação criou um gigante de US$ 28 bilhões de faturamento. A empresa nasceu como a terceira maior de alimentos e bebidas dos EUA e a quinta no mundo, com cerca de 50 mil funcionários.
Os acionistas da Heinz ficaram com 51% da empresa, que recebeu ainda um investimento de US$ 10 bilhões do 3G e da Berkshire Hathaway, holding de Buffett, a segunda pessoa mais rica do mundo.
O comando da nova empresa está nas mãos do brasileiro Bernardo Hees, que já é o atual presidente da Heinz.
Agressividade
Reduzir custos e dar fortes incentivos por desempenho aos funcionários são a marca de Sicupira, Marcel Telles e Jorge Paulo Lemann nas companhias que o trio adquire conjuntamente. Nos últimos dez anos, eles comandaram algumas das maiores transações no segmento de bens de consumo.
Depois de ajudar a criar a maior fabricante mundial de cerveja, a AB InBev, em 2008, eles fecharam o capital da Burger King em 2010.
Três anos mais tarde, formaram uma parceria com Warren Buffett para adquirir a Heinz, em uma transação de US$ 27 bilhões (R$ 88 bilhões) que se provou apenas o prelúdio para a fusão com a Kraft Foods.
Na 3G, é frequente dizer que “custos são como unhas: precisam ser cortados constantemente”, de acordo com a jornalista brasileira Cristiane Correa, cujo livro, “Sonho Grande”, narra a ascensão de Lemann e seus parceiros de negócios.
A parcimônia exercitada pelo trio – demissão de funcionários, eliminação de fotocópias coloridas e o uso de lacunas legais para reduzir a carga de impostos a pagar – enraivece tanto os trabalhadores quanto os clientes de suas empresas.
Os investidores, porém, gostam do modelo. No Burger King, a margem de lucro operacional subiu de 13% em 2010 para 54% no ano passado, o que também leva em conta novas franquias. A margem de lucro operacional da Heinz também foi de 15% para 22% em apenas três anos.