Os funcionários receberam a notícia das demissões na Webjet, anunciada nesta sexta-feira (23) pela Gol, com indignação. Muitos não esconderam as lágrimas e não alimentam a esperança de conseguir um novo emprego tão cedo, já que o setor passa por um processo de consolidação, e as aéreas já anunciaram corte de voos para este e o próximo ano. Só a Gol já anunciou que encerrará 2012 com uma edução de 4,5% na oferta.
As irmãs Desirée e Sara de Lima, de 28 anos e 20 anos, estavam entre os 850 demitidos ontem. Desirée foi da primeira turma de comissárias da Webjet. Sabe de cor a data de seu primeiro dia de trabalho: primeiro de março de 2005. Antes de entrar na Webjet, havia trabalhado como despachante na Varig e saíra pouco antes de a empresa falir.
Ela foi uma das comissárias que ficou à disposição da companhia, em casa, no último mês. A promessa era de que seria treinada para se unir à força de trabalho da Gol. Durante esse tempo, ganhou o salário-base da categoria, de R$ 1.300, bem abaixo dos R$ 3.500 que ganha por mês, em média. "Me enganaram. Não tenho cabeça para pensar no que vou fazer agora. Meu pai está internado e vou voltar a atenção 100% para ele", disse ela, que divide um apartamento com a irmã, comissária da Webjet há dois anos.
A também comissária Priscilla Oliveira, de 24 anos, era uma das mais abaladas com a notícia. Aos prantos, abraçava os colegas de trabalho, que tentavam consolá-la: "Era a melhor empresa para se trabalhar", repetia Priscila, há quatro anos na Webjet, seu primeiro emprego como comissária.
Para os mais velhos, recolocar-se no trabalho será tarefa ainda mais difícil. O piloto Luiz Amorim é um veterano na aviação. Por 22 anos, serviu à Varig e perdeu o emprego com a falência da empresa. Estava na Webjet há quatro anos porque sua aposentadoria não lhe permitia parar de trabalhar. Ganha R$ 2.500 por mês pelo INSS e R$ 405 mensais pelo Aerus, o fundo de aposentadoria complementar da Varig. Na Webjet, seu salário girava em torno de R$ 10 mil por mês.
"O mercado possível para mim é a aviação executiva, que de fato está crescendo. Mas nesse mercado, você não tem vida. Acho que vou deixar a aviação e buscar emprego em outro ramo", disse ele, casado e pai de dois filhos. Amorim é um dos órfãos da Varig. Segundo ele, deveria estar recebendo do Aerus R$ 6.500 por mês, mas problemas na administração do fundo fizeram com que sua aposentadoria fosse reduzida a menos de um décimo do valor devido.
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