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Pelo terceiro mês consecutivo, o Brasil apresentou saldo negativo de empregos formais. Em fevereiro, foram fechados 2,4 mil postos de trabalho. O resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), apresentado nesta quarta-feira (18) pelo Ministério do Trabalho e Emprego, é o pior para o mês nos últimos 16 anos. No Paraná, o saldo ficou positivo em 8,6 mil vagas, mas foi o menor para meses de fevereiro desde 2009.

Serviços geram 52 mil empregos, mas ritmo é mais lento

O setor de serviços foi o responsável pela maior geração de vagas formais de trabalho em fevereiro, com um saldo positivo de 52 mil postos, número muito menor que o do mesmo mês de 2014, quando o setor gerou 143 mil vagas. A indústria de transformação gerou 2 mil vagas no mês passado. O comércio puxou o saldo para baixo com o fechamento de 30 mil postos. A agricultura, por sua vez, extinguiu 9 mil vagas. Apenas duas regiões do país registraram saldo positivo em fevereiro: o Sul (23 mil vagas) e o Centro-Oeste (10,8 mil). Já o Nordeste fechou 27,5 mil postos.

O pesquisador da Fundação de Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace/USP), Luciano Nakabashi, afirmou que o resultado reflete a menor demanda e a queda nos investimentos no país. Segundo ele, com a retirada dos “estímulos artificiais” de consumo pelo governo, setores como construção civil e comércio se retraíram e o impacto chegou ao emprego.

O ministro Manoel Dias apontou a operação Lava Jato como um dos motivos que afetaram o resultado. “Certamente, nesse primeiro momento, a Lava Jato influenciou em redução de emprego”, avaliou. Para ele, o impacto é visível no Brasil inteiro. Ele lembrou que muitas empresas que prestam serviços à Petrobras já apresentam dificuldades e ressaltou os problemas da estatal. “A própria Petrobras, que tinha uma previsão de investimentos de R$ 50 bilhões, prevê uma redução de 20%”, disse.

Na opinião de Dias, os problemas são claramente percebidos na construção civil. O setor fechou 25 mil vagas em fevereiro. Em janeiro já havia cortado outras 9,7 mil. O ministro espera que o quadro na estatal melhore com o avançar das investigações e lembrou que a construção deve melhorar com investimentos do governo.

Dias informou que o ministério, por meio do FGTS, já contratou R$ 8,7 bilhões nos primeiros dois meses do ano para a construção de 99 mil casas para pessoas de baixa renda. “Isso representa a geração de emprego de 285 mil novos postos”, afirmou.

Ajuste fiscal

Outro fator apresentado pela pasta para o fraco resultado de fevereiro é o ajuste fiscal promovido pelo governo. Ele espera, entretanto, que os setores reajam positivamente às medidas. O ministro ponderou que o resultado do mês passado reverteu uma expectativa negativa, se comparado com o saldo de janeiro, que teve menos 81 mil vagas. “A perda de novos postos, em torno de 2 mil, demonstra estabilidade”, afirmou, antes de dizer que o número do mês “não foi excepcional”.

O saldo de fevereiro ficou abaixo das expectativas do mercado. Alguns analistas de mercado chegaram a prever mais contratações que demissões, considerando a sazonalidade do mês, quando tradicionalmente o setor industrial tende a começar a contratar, depois da fase de demissão que acontece em maior peso até janeiro.

Para Thiago Biscuola, economista da RC Consultores, o dado ruim sinaliza que o processo recessivo estimado por especialistas para este ano pode se mostrar ainda mais forte. “O que vemos são setores, como a indústria, que deveriam estar contratando e que apresentaram resultados tímidos e outros que criaram muitas vagas nos últimos anos, caso de serviços, agora, desacelerando”, pontuou.

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