Uma pesquisa divulgada neste final de semana pela Quaest em parceria com a Transparência Internacional apontou que 64% dos executivos brasileiros ainda avaliam como positivos os trabalhos anticorrupção desenvolvidos durante a Operação Lava Jato, mesmo com os reveses enfrentados nos últimos anos.
O levantamento, que ouviu 100 executivos das 250 maiores empresas brasileiras entre os dias 12 e 28 de julho, mostra que 83% deles acreditam que as operações anticorrupção dos últimos anos reduziram a sensação de impunidade.
Além disso, a pesquisa revelou que 93% deles consideram que as operações trouxeram consequências positivas para as empresas, como a mudança nos mecanismos e padrões de integridade corporativa.
Por outro lado, 91% dos executivos ouvidos pela Quaest consideraram que os sistemas de integridade nas empresas brasileiras hoje são “imaturos” mesmo com os instrumentos trazidos pela Lei Anticorrupção, como acordos de leniência, responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas e o incentivo à adoção de sistemas de compliance.
Bruno Brandão, diretor-executivo da Transparência Internacional Brasil, diz que a Lei Anticorrupção equiparou o Brasil às legislações mais modernas do mundo, provocando uma revolução no setor privado com a disseminação de mecanismos e uma cultura de compliance antes inexistentes.
“Mas os próprios executivos reconhecem que os sistemas de integridade ainda são imaturos e sua efetividade depende, de um lado, de incentivos positivos, como o apoio da alta liderança nas empresas e, do outro, da capacidade de enforcement das autoridades”, disse em entrevista à CNN Brasil.
Enforcement é o controle efetivo dos órgãos de investigação, que dividiu os executivos ouvidos pela pesquisa ao analisarem os resultados obtidos nos últimos cinco anos. Para 36% deles, o controle das autoridades tem se mantido estável, enquanto que apenas 28% veem ter aumentado nos últimos anos.
Para os executivos, 57% consideram que a lei ajudou pouco a desenvolver o compliance de pequenas e médias empresas, enquanto que 42% consideram que ajudou muito. Apenas 1% considera que não ajudou em nada neste quesito.
Os executivos também avaliam que afrouxar a Lei das Estatais gera um alto risco de afetar o compliance das empresas públicas (71%). Para 87% deles, a entrada do Brasil na OCDE, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, conhecida também como “clube dos ricos”, pode ajudar a elevar os padrões de administração dos negócios.
A entrada do Brasil na OCDE era uma das principais bandeiras do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas que não tem ganhado destaque no novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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