O crescimento do Paraná desacelerou nos últimos dois anos partiu de uma expansão de 5,2% em 2003 para um resultado de 0,3% em 2005, bem abaixo da média brasileira para o período (2,3%) e foi freado principalmente por uma retração no setor agrícola, que saiu prejudicado pela queda nos preços dos grãos no mercado internacional e por uma forte seca no ano passado. Os dados foram apresentados ontem pelo presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), José Moraes Neto, durante a reunião semanal do secretariado, e provocaram novas críticas do governador Roberto Requião à legislação que isenta os produtos exportados pelo Brasil do pagamento de impostos, conhecida como Lei Kandir.
Para Requião, a economia do estado sofre hoje por depender muito de algumas culturas agrícolas voltadas à exportação e que passaram a ter maior peso na produção do estado após a desoneração. "A Lei Kandir praticamente desindustrializou o estado", disse o governador durante a reunião, na qual foi apresentado um diagnóstico do desempenho da economia do Paraná nos últimos três anos.
Segundo a compilação de dados sobre o comportamento da economia apresentada por Moraes Neto, a Lei Kandir influencia de forma indireta o desempenho do agronegócio porque ela estimula a exportação de produtos com menor valor agregado e com maior exposição às oscilações de mercado, como a soja em grão. Criada em 1996, a lei isenta todos os produtos exportados do pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). "Antes, apenas os industrializados tinham isenção, o que incentivava o investimento na indústria", destacou.
Com o alto peso das mercadorias agrícolas básicas na pauta de exportações do estado, sua economia fica mais sujeita a oscilações que ocorrem quando há alterações na política cambial. Em 2003, quando a cotação do dólar estava acima de R$ 3, o Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná se acelerou. Nos anos seguintes, quando o real se valorizou, o estado sentiu um baque. "A execução das políticas que regem câmbio, juros e os grandes investimentos está nas mãos da União. Há pouco que os estados podem fazer para mudar esse cenário", explicou Moraes Neto.
A retração no agronegócio influenciou o desempenho da indústria paranaense. Setores ligados à produção agrícola, como os de produtos químicos e de máquinas e equipamentos, amargaram quedas na produção acima de 10%. O segmento de madeiras também viu as vendas encolherem por conta da queda nos preços, provocada pela valorização do real e do aumento nos custos de produção. "Outros setores que não dependem do campo, como o de equipamentos eletrônicos e o de automóveis tiveram crescimento expressivo em 2005", ponderou o presidente do Ipardes. O resultado foi um aumento de 1,4% no PIB industrial do Paraná, inferior ao crescimento nacional, de 2,5%.
O desempenho mais fraco da economia do estado atingiu em cheio também a geração de empregos em 2005. O número de vagas criadas ficou 42% inferior ao de 2004. "Mas há sinais de que a criação de empregos está se recuperando", disse o delegado regional do trabalho Geraldo Serathiuk. Segundo ele, o mercado de trabalho foi bastante influenciado pelo aumento do crédito disponível para o consumo, o que deu fôlego para setores que atendem o mercado interno.