Terminou em poucos minutos e sem a apresentação de nenhuma proposta o primeiro Leilão de Energia de Reserva de 2015. Considerado desafiador desde seu anúncio, o certame tinha como objetivo contratar energia a ser gerada por térmicas abastecidas com gás natural. O curto espaço para a implantação de tais projetos, contudo, era considerado um impeditivo aos interessados. O leilão previa que o suprimento de energia tivesse início já em 1º de janeiro de 2016.
Para tentar atrair interessados, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estabeleceu em R$ 581/MWh o valor máximo da energia a ser contratada no leilão. O valor supera o limite de R$ 388,48/MWh estabelecido pela agência reguladora para o preço de liquidação das diferenças (PLD) de 2015. Ou seja, seria mais interessante para um investidor vender energia no leilão do que no mercado de curto prazo, caso conseguisse viabilizar um determinado projeto.
A diretora da consultoria Thymos Energia, Thais Prandini, antecipou na quinta-feira (2) em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que o leilão era “extremamente desafiador”, justamente em função do prazo curto. “São tantos desafios que o preço (da energia) acaba não sendo alto”, afirmou. Para viabilizar um empreendimento, algum investidor teria que unir um conjunto de unidades geradores para gerar energia em volume suficiente para que o projeto pudesse ir a leilão e já estar em operação em menos de seis meses.
Pressão menor
Apesar da não contratação de energia, o resultado da licitação não deve ser uma preocupação para o governo. Afinal, o leilão de reserva foi anunciado em abril, quando a situação de fornecimento de energia era mais preocupante e o governo divulgou uma série de medidas para garantir o aumento da oferta de energia com o intuito de evitar desabastecimentos na região Sudeste. Esta foi a razão para o leilão desta sexta-feira (3) aceitar apenas projetos a serem instalados no submercado Sudeste/Centro-Oeste. Desde então, contudo, a preocupação em relação ao abastecimento de energia no país foi abrandada muito em função da queda de consumo.
A Aneel ainda planeja a realização de outros dois leilões de Energia de Reserva neste ano, a serem realizados nos meses de agosto e novembro. Espera-se que os preços propostos em ambos os leilões sejam mais baixos do que aqueles possíveis para o leilão de hoje.
A última licitação de energia de reserva foi realizada em outubro de 2014 e movimentou R$ 7,1 bilhões, a partir da venda de energia a ser gerada por usinas eólicas e solares. O preço médio do leilão ficou em R$ 169,82/MWh, um deságio de 9,9% em relação aos valores estabelecidos inicialmente pela Aneel.