O leilão de linhas de transmissão desta quarta-feira (18) recebeu propostas dos investidores para apenas quatro dos 12 lotes de empreendimentos oferecidos, em um novo fracasso para o segmento, que já havia atraído pouco interesse em licitação realizada em agosto, quando quatro de 11 projetos tinham sido arrematados.
Os consórcios TCL, Firminópolis, a estatal paranaense Copel e a novata Planova arremataram os lotes, sendo que apenas uma disputa apresentou deságio ante a receita teto estabelecida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para cada lote.
Especialistas ouvidos pela Reuters haviam adiantado, na terça-feira, que havia pouco interesse do mercado pelos empreendimentos de transmissão, em um cenário de recessão econômica e crédito escasso agravado pela situação das empresas do segmento, que estão com excesso de obra ou descapitalizadas.
O consórcio TCL – formado pela Cymi Holding, Lintran do Brasil e Brookfield Participações – receberá uma receita anual de R$ 448,8 milhões para implantar linhas e subestações em Minas Gerais, que constavam do lote A do leilão, o maior em volume e receita dentre os ofertados. O lote A foi arrematado sem deságio.
Já a Copel Geração e Transmissão terá uma receita anual de R$ 97,9 milhões para linhas no Paraná e Santa Catarina, do lote E, que tem três subestações e 188 km de linhas de transmissão. A estatal apresentou proposta de Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 97.948.300, praticamente sem deságio em relação ao valor teto estabelecido pela Aneel, de R$ 97.948.313.
A Planova receberá R$ 60,5 milhões anuais pelos empreendimentos do Lote G, que registrou deságio de 6,14% na disputa.
O consórcio Firminópolis receberá R$ 6,5 milhões por ano para construir e operar linhas em Goiás, arrematado sem deságio.
Visão otimista
A contratação de apenas quatro dos 12 lotes disponibilizados no leilão de transmissão não reduziu o otimismo da diretoria da Aneel. Na visão do diretor José Jurhhosa Junior, o resultado do leilão foi um sucesso, apesar de os investimentos previstos nos quatro lotes contratados somar R$ 3,5 bilhões, menos da metade dos R$ 7,5 bilhões estimados inicialmente.
“Entendemos que não tenha sido um sucesso total, porque não contratamos todos os lotes, mas não deixou de sê-lo. Vender 45% do leilão no atual cenário do país indica que estamos alcançando o objetivo”, afirmou Jurhosa. Desde o início do ano, completou o diretor da Aneel, os leilões de transmissão já movimentaram R$ 13,5 bilhões em investimentos estimados.
Os oito lotes não contratados nesta quarta devem ser redirecionados a um novo leilão, a ser realizado no início do próximo ano.