Lotes arrematados vão somar R$ 3,5 bilhões em investimentos.| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

Mais um leilão de linhas de transmissão de energia fracassou por falta de interessados. Dos 12 lotes ofertados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta quarta-feira (18), apenas quatro foram arrematados. O resultado atrasa a ampliação da rede de transmissão no país, problema que pode afetar a segurança do sistema elétrico e restringir a expansão da oferta de energia.

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“A maioria desses lotes está sendo reapresentada, ou seja, já deveria estar pronta ou em construção. A consequência é um abastecimento mais caro e maior risco de problemas na transmissão”, diz Cláudio Salles, presidente do Instituto Acende Brasil. O desinteresse das empresas no certame é explicado pelo cenário de crédito escasso e pela baixa atratividade do retorno dos projetos.

Em agosto, outro leilão de transmissão, oferecendo linhas que voltaram a ser ofertadas nesta quarta, também teve baixo interesse: de 11 lotes, só quatro foram leiloados. No ano passado, 12 lotes não receberam propostas.

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Para evitar um resultado semelhante, a Aneel aumentou a receita teto estabelecida para a transmissora, mas não adiantou. “Os lotes ficaram mais atrativos, mas isso não foi suficiente para comportar a situação econômica do país”, diz Thais Prandini, diretora da consultoria Thymos.

Houve deságio em apenas um lote, de 6% em relação à receita teto estabelecida. Nos outros, não houve disputa. Segundo especialistas, as empresas do setor, principalmente as nacionais, estão descapitalizadas, situação agravada pela restrição no crédito. “O BNDES fechou as portas. O financiamento está muito menor, e isso impacta diretamente esse tipo de projeto”, afirma Prandini. Até o ano passado, o banco estatal financiava até 70% das linhas de transmissão.

A Planova Planejamento e Construções levou o lote G; o consórcio TCL, o lote A; a Copel Geração e Transmissão, o lote E; e o Consórcio Firminópolis, o lote L. O Consórcio TCL é formado pelas espanholas Cymi Holding e Lintran, além da Brookfield Participações. Já o Consórcio Firminópolis reúne a CEL Engenharia e a estatal goiana Celg Geração e Transmissão.