Metodologia - Pesquisas divergem sobre variação da gasolina
Os preços dos combustíveis estão "estacionados" há três meses em Curitiba, na média de R$ 2,47 para a gasolina e de R$ 1,37 para o álcool, de acordo com pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que faz duas medições por semana baseada em notas fiscais. Segundo a ANP, a variação da gasolina em setembro foi de -0,08%. A medição do IBGE registrou no mesmo mês uma variação de 0,49% para a gasolina.
A diferença de resultados entre as pesquisas está na metodologia empregada e, possivelmente, no número de postos visitados. No caso da ANP, são 95 postos. Já o IBGE informou que visita "no mínimo" três estabelecimentos, mas não soube informar o número exato. Para o economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a variação na medição da inflação da gasolina é muito pequena. "Os valores estão praticamente estáveis, podendo ser influenciados até por arredondamentos." Mas poderia ser menores, porque houve queda de 0,43% nas distribuidoras. (HC)
A inflação registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Curitiba no mês de setembro recuou para 0,26% com a ajuda do leite, que ficou 3,4% mais barato, depois de muitos meses de altas. O leite tem um impacto de 1,6% na formação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Outros 16 subgrupos, de 52 pesquisados, caíram de preço na capital.
O índice oficial de inflação brasileiro ficou em 0,18%, ante alta de 0,47% registrada em agosto, quando o IPCA de Curitiba também foi maior (0,33%). O acumulado entre janeiro e setembro é de 2,68% na capital e de 2,99% no país.
Segundo Eulina Nunes, gerente da pesquisa IPCA do IBGE, a inflação poderia ser menor 0,22% sem a pressão da gasolina, que tem peso de 8% no índice medido na capital. A diferença seria sutil porque a alta de 0,49% no combustível praticamente não modificou o preço final do litro, refletindo "uma variação muito sutil". Provavelmente, admite Eulina, foi apenas a última casa decimal da composição do preço que mudou.
O consumidor curitibano é mais sensível às mudanças no preço da gasolina do que no caso do álcool. Em setembro, o IBGE registrou preço médio de R$ 2,47 para a gasolina e de R$ 1,40 para o álcool na capital. Apesar de ter subido 0,62%, a maior alta do país, este último influencia o IPCA da cidade em apenas 0,0037 ponto porcentual.
Alimentos
O gasto no supermercado com alimentos ficou 0,16% menor em setembro graças à primeira deflação do ano sofrida pelo leite de 1,20% no país e de 3,43% em Curitiba. De acordo com o IBGE, o leite é responsável por 1,64% dos gastos das famílias em Curitiba.
Depois de acumular inflação de 31,7% na cidade, influenciado pela degradação dos pastos no inverno, o leite começou a ceder. Na cooperativa Castrolanda, da região dos Campos Gerais, os produtores já receberam preços 10% menores em setembro em relação a agosto.
Mesmo assim, o litro do produto está custando bem mais que na mesma época do ano passado. O coordenador de produção da Castrolanda Rogério Wolf acredita que a queda aos produtores deve ser da mesma proporção até o fim de outubro. "Seria bom se essa deflação chegasse ao consumidor, para estimular o consumo", pondera.
Ainda no grupo de alimentos, as carnes industrializadas e hortaliças acumularam deflação de 9%. A maior alta é a dos cereais e leguminosas (3,6%), influenciada pela alta da cotação da soja.
Outros itens não medidos pelo IBGE, como matérias-primas industriais, incomodam o paranaense. "A produção industrial está muito aquecida, mas isso pode elevar a inflação. Para mim, já faltam componentes metálicos. Se continuar assim, é perigoso", avalia o fabricante de implementos rodoviários, João Noma.
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