RIO - O preço do leite deve subir até 15% neste mês para os consumidores nas prateleiras de todo o Brasil. A previsão é da Associação Brasileira de Leite Longa Vida (ABLV), que atribui o aumento à falta de matéria-prima (leite) nas indústrias.

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Os leites tipo A, B e pasteurizado (saquinho), além do em pó, também devem sofrer aumentos. Juntos, representam apenas 15% das vendas.

— Atualmente, a indústria tem preferido destinar recursos na formação de estoques de produtos de melhor rentabilidade como leite em pó, particularmente o tipo desnatado, leite condensado e queijos. Assim, falta matéria-prima para fazer leite longa vida — diz Nilson Muniz, diretor-executivo da ABLV.

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O leite de caixinha representa 85% do consumo da bebida e está presente em 87% dos lares brasileiros.

O aumento de 15% da indústria para os supermercados não foi comentado pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), que só informou que os novos valores ainda não chegaram aos mercados. Mesmo antes do aumento, há quem já ache o preço do leite alto.

— O longa vida bom custa mais de R$ 2. O jeito vai ser consumir menos leite — diz a dona-de-casa Hercília Freitas, de 61 anos.

Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil — entidade que representa a cadeia produtiva de leite que reúne produtores, cooperativas e laticínios — diz que o aumento do produtor para a indústria será ainda maior, de 20%.

— Não acho que falta leite no mercado, mesmo porque o Brasil produz 25 bilhões de litros por ano. Esse aumento é um repasse dos gastos que temos com insumos. Tudo que usamos para cuidar da dieta da vaca subiu.

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Reação do consumidor

No entanto, Rubez ainda não consegue prever se tudo será repassado para o consumidor.

— Como o leite longa vida é quem dita o consumo de leite, vamos ter de esperar a reação do consumidor. Se as caixas ficarem encalhadas porque o litro está mais caro, toda a cadeia (produtores, indústrias e supermercados) terá de se readequar a essa reação — explica.