Caro, instável e lento, o acesso à internet pela rede celular não para de popularizar-se no Brasil. Dados divulgados na semana passada pela consultoria nacional Teleco, em parceria com a multinacional taiwanesa Huawei, mostrou que o número de usuários dessa forma de conexão dobrou no ano passado e arriscou uma previsão de crescimento ainda mais intenso: em 2014, a quantidade de acessos via smartphones e tablets deve ser quatro vezes maior que as conexões por cabo.
A previsão é de que o Brasil tenha 124 milhões de acessos pela rede móvel até 2014. Para a banda larga fixa, a perspectiva é de que esse número chegue a 30 milhões. Segundo a pesquisa, são 21 acessos móveis para cada 100 habitantes (mais que a média internacional) e 8,4 acessos fixos (menor que a média) no Brasil. Detalhe: a internet fixa está disponível em 99,8% dos municípios, enquanto a rede móvel chega a menos da metade deles (48,6%).
O presidente da Teleco, Eduardo Tude, afirma que os preços dos planos ainda são a maior barreira para o crescimento da internet no País, tanto para a internet fixa quanto a móvel. Em média, um plano com franquia de 500 megabytes e velocidade de 1 megabit por segundo (Mbps) sai por R$ 56,20 pela rede móvel. Na fixa, uma conexão de 1 Mbps custa entre R$ 29,80 e R$ 54,90.
Preço e universalização são dois dos pontos que fazem parte do Plano Nacional de Banda Larga, gerenciado pela Telebrás, sob o Ministério das Comunicações. A ideia do programa de governo é aumentar o acesso à internet e promover (indiretamente, por meio de competição) a expansão da oferta para mais cidades. Para isso as empresas devem vender conexões de 1 Mbps por no máximo R$ 35 mensais ou R$ 29,90, quando houver isenção de impostos estaduais.
Competição, ao lado do preço, é outro grande problema do setor. Os cenários entre móvel e fixa, nesse campo, são bem parecidos. De toda a área coberta com internet móvel, apenas 12,6% dos municípios têm duas operadoras ou mais disputando mercado, segundo o Balanço Huawei da Banda Larga 2011.
O panorama mostra que há uma preferência pelo celular conectado e muitas vezes esta é a única opção para acessar a internet. As operadoras brasileiras já sentem a movimentação em suas receitas. A participação dos planos de dados no ganho total das empresas brasileiras é semelhante à das operadoras de países desenvolvidos. Enquanto no Japão a taxa é superior a 50%, na Europa é 30% e no Brasil se tem, em média, 20,9%. A Vivo lidera o quadro nacional com 26,1% (alta de 39,1% em relação a 2010).