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CONTAS PÚBLICAS

Levy admite elevar Imposto de Renda

Aumento do IR “pode ser um caminho”, disse Levy em Paris. | Paulo Whitaker/Reuters
Aumento do IR “pode ser um caminho”, disse Levy em Paris. (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta terça-feira (8) em visita a Paris que o aumento do Imposto de Renda – “sobre rendas mais altas”, em suas palavras – pode fazer parte do pacote para reforçar a arrecadação do governo.

Levy demonstrou pressa na aprovação de medidas de ajuste fiscal no Congresso, ressaltando que são necessárias para diminuir a inflação e restaurar a confiança na economia brasileira.

Em Paris, o ministro reuniu-se com seu homólogo francês, Michel Sapin, participou de uma série de reuniões na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e esteve com empresários na embaixada do Brasil.

Questionado por jornalistas, o ministro indicou que a elevação do IR não está descartada. “Pode ser um caminho. Essa é discussão que a gente está tendo agora e que eu acho que tem de amadurecer o mais rapidamente no Congresso“, comentou. A maior alíquota do IR hoje é de 27,5%.

Também na terça, outros integrantes do governo citaram uma série de tributos que podem ser criados ou elevados, entre eles a Cide-Combustíveis (veja textos nesta página).

Levy observou que, atualmente, o Brasil tem menos impostos sobre pessoa física do que a maioria dos países da OCDE, especialmente em relação às rendas elevadas.

Ele lembrou, entretanto, que propostas de aumento dos impostos dos ricos já foram recusadas no passado: “A gente nem sempre tem tido êxito de intensificar a tributação sobre as rendas mais altas. O nosso objetivo da reforma tributária não é aumentar a arrecadação, a carga. Na verdade, é trazer simplicidade às empresas, mais transparência, e trazer também uma igualdade entre os setores que aumente a eficiência da economia”.

Repercussão negativa

A manifestação de Levy foi criticada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por toda a oposição e até por líderes de bancadas governistas.

Cunha disse ser radicalmente contra a proposta, reafirmando posição refratária a aumento de tributação: “A solução se dá pela via do corte de despesas”.

Líder da bancada do PSD do ministro Gilberto Kassab (Cidades), o deputado Rogério Rosso (DF) disse que, se o governo enviar proposta nessa linha, deverá ser derrotado. “O brasileiro já trabalha quatro meses para pagar imposto, querem agora que trabalhe meio ano? Aí fica difícil defender o governo.”

A oposição saiu em coro contra a possibilidade de alta do IR– PSDB, DEM, PPS e Solidariedade disseram que a medida não passa no Congresso.

“O aumento de imposto que depende de aprovação no Congresso vai ter forte resistência e acredito que não vai passar. Já paga-se 27,5%, vai pagar quanto, 30%? A classe média vai parar de trabalhar para sua família para trabalhar para o governo Dilma?”, disse o líder da oposição, Bruno Araújo (PSDB-PE).

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