| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendeu nesta terça-feira, 29, o ajuste fiscal em curso como a condição para os juros voltarem a cair, o crédito voltar a crescer de forma mais consistente e colocar o país em roda de expansão novamente.

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“Na hora que esse risco (fiscal) é retirado, a economia relaxa, todo mundo quer ver a taxa de juros cair. Não há dúvida nenhuma: enquanto não acertar o fiscal, é muito difícil a taxa de juros cair”, disse Levy durante evento em São Paulo, acrescentando ainda que há a necessidade de o país já tocar reformas estruturais para garantir a oferta quando a demanda voltar a crescer.

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O governo preparou diversas medidas de ajustes fiscais, sobretudo mirando 2016, com cortes de gastos e aumentos de impostos para tentar garantir superávit primário em meio à economia em recessão e inflação elevada. Hoje, a taxa básica de juros no Brasil está em 14,25% ao ano, uma das mais altas do mundo.

“O ajuste (fiscal) não existe pelo ajuste. Não adianta tentar criar cisão em volta do ajuste. Ele é um elemento de uma estratégia muito clara”, afirmou ele.

Nessa estratégia, estão as reformas estruturais, como a da Previdência, que servirão para dar suporte para o crescimento da economia. Levy disse ainda que é preciso dar atenção para a oferta na economia. “Se as empresas não tiverem capacidade para responder à nova demanda, teremos inflação”, afirmou ele.

“Temos dificuldades e incertezas, mas o maior risco é a procura por soluções fáceis”, disse o ministro.

Levy também disse que a Petrobras está tomando as medidas certas, com corte de despesas e realismo.

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Do lado externo, Levy citou as incertezas com China e o ajuste na política monetária nos Estados Unidos, mas argumentou que o Brasil está preparado para enfrentar esses cenários.

“Combinação de choques externos e incerteza política tem custo alto”, afirmou ele.

Preocupação mundial

Levy disse ainda que a questão fiscal é atualmente a maior fonte de incertezas para todo mundo, seja para empresas ou cidadãos. O ministro afirmou que a gestão do governo é transparente em torno da questão fiscal e não se pode criar uma ‘cizânia’ em torno do ajuste. Segundo ele, enquanto o ajuste fiscal não for feito as empresas terão dificuldade de investir. “Temos primeiro que acertar no fiscal, que é a maior fonte de incerteza para todo mundo. Se não sei o que vão ser meus impostos daqui a três, cinco ou dez anos vou ter dificuldade de investir. Para o cidadão também. O ajuste é o elemento de uma estratégia clara do governo, e não se pode criar uma cizânia em torno dele. O ajuste permitirá depois ter ganhos na política monetária”, afirmou Levy.

Na segunda-feira, 28, o dólar fechou no maior patamar desde o início do Plano Real, a R$ 4,10, com o temor do mercado de que o país sofra um novo rebaixamento de rating pela incapacidade de avanços no ajuste fiscal, já que o governo enfrenta dificuldades para aprovar seus projetos no Congresso.

Ele disse que os cortes nos gastos do governo têm que ser feitos “olhando para o realismo” e tem que se pensar em receitas também. Outros países, como Inglaterra e Espanha, que também passaram por crise parecidas com a nossa, trilharam este caminho. Ele alertou que as mudanças com redução de gastos demoram a acontecer. “Quando o risco fiscal é retirado, a economia se relaxa e todo mundo quer ver a taxa de juro caindo”, disse o ministro.

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